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Produção equatoriana põe em risco bananicultura paranaense

Mapa aprovou instrução normativa que estabelece os requisitos fitossanitários para a importação da fruta

Fotos: Ricardo Chicarelli
Justificativa para abrir o mercado nacional para a banana equatoriana está na balança comercial entre os dois países
Um país 33 vezes menor que o Brasil e com a população próxima ao estado do Rio de Janeiro é a mais nova dor de cabeça dos bananicultores brasileiros. Após enfrentarem preços de comercialização terríveis no ano passado, agora os produtores dessa fruta tipicamente tropical estão preocupados com a possibilidade de o governo autorizar a importação da banana plantada no Equador, o que poderia virar o mercado de cabeça para baixo.

No dia 20 de março, a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aprovou a Instrução Normativa nº3 (IN 3), que estabelece os requisitos fitossanitários para a importação do produto. O próximo passo é a regulamentação da instrução, o que poderia fazer com que a banana equatoriana ingressasse no País rapidamente, ainda este ano.

O produtor paranaense está receoso: no Equador estão alocadas algumas das principais trades norte-americanas exportadoras da fruta no mundo, colocando o país no topo da exportação. Com grande poder de comercialização, as multinacinais poderiam realizar o chamado dumping, uma prática comercial em que grupos vendem seus produtos por preços muito abaixo dos praticados pelo mercado. Já que a grande maioria dos bananicultores do Estado está inserida na agricultura familiar, isso poderia causar danos enormes à produção não apenas paranaense, mas de todo o País.

A colheita estadual gira em torno de 270 mil toneladas por ano em uma área de 11 mil hectares (ha), distribuídas por 2,7 mil pequenas propriedades. É a oitava maior produção do País, que totaliza 7,2 milhões de toneladas de bananas colhidas por ano. O principal estado produtor é a Bahia, seguido de São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. Os números são do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O engenheiro agrônomo do Deral Paulo Andrade explica que as trades norte-americanas estão no mercado há um século e meio, controlando a produção de países menores das Américas do Sul e Central. "Eles trabalham com bananas de altíssima qualidade, voltadas para exportação, e ingressariam aqui para dominar o mercado nacional. A tendência, com a entrada desses grandes players, seria a quebra da bananicultura nacional, dominada por pequenos produtores."

A situação é ainda mais preocupante porque muitos bananicultores estão passando por um momento de recuperação, com a melhora dos preços (veja o gráfico). No ano passado, a comercialização teve valores muito ruins, mas agora os preços estão melhores. "Eles estão num período melhor, compensando as perdas e ganhando um fôlego após um 2013 todo descapitalizado. Um novo golpe, como essa importação da banana equatoriana, poderia acabar com a cultura definitivamente em diversas regiões."

A justificativa para abrir o mercado nacional para a banana equatoriana está no resultado da balança comercial entre os dois países, já que o superavit brasileiro é enorme. Seria uma tentativa de equilibrar as transações e manter o bom relacionamento comercial entre as duas nações.

De acordo com nota oficial divulgada pelo Mapa sobre o assunto, "assim como o País busca o acesso a novos mercados, também é necessário e legítimo negociar aberturas. No caso do Equador, a análise para a importação de banana deste país já dura 15 anos. Apesar de ter ocorrido recentemente um importante avanço nessa liberação, ainda há etapas técnicas a serem concluídas".

FOLHA DE LONDRINA

Victor Lopes
Reportagem Local
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