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Desaquecimento da economia leva BC a manter juros básicos

Selic permaneceu em 11% ao ano; segundo especialistas nova alta poderia agravar cenário econômico

Curitiba - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano foi tomada principalmente em função do desaquecimento da economia. O próprio BC estima que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá apenas 2% neste ano. Houve também uma desaceleração, ao menos momentânea da inflação. A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, de maio foi de 0,58% contra 0,78% em abril. Além disso, neste ano há o viés político com a proximidade das eleições que acontecem em outubro.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, lembrou que o BC fez nove elevações seguidas da Selic e nem todas foram absorvidas pela economia. Segundo ele, cada aumento demora de três a quatro meses para refletir todos os impactos. Ele acredita que este foi outro motivo que levou o BC a colocar o pé no freio dos juros.

"Como a economia está desaquecida, um novo aumento da Selic poderia agravar mais este quadro’’, disse. No entanto, ele acredita que o BC terá que fazer novas elevações dos juros porque há preços que ainda não foram reajustados como os combustíveis e que terão reflexos na inflação. Para ele, a "economia está caminhando de lado’’. Ele acredita que novas altas de juros vão depender do comportamento da inflação. Oliveira prevê que a próxima elevação de juros aconteça depois das eleições que estão marcadas para 5 e 26 de outubro. Mas, caso a inflação persista, este aumento pode acontecer antes. Ele acredita que a inflação feche o ano entre 5,8% e 6,3%.

Para o coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, outro motivo que fez o BC segurar os juros foi a queda do dólar. "O câmbio está mais bem comportado’’, disse. Ele destacou que o governo decidiu manter a Selic porque está preocupado com a queda na atividade

industrial.

Dezordi também prevê que o BC vai esperar para aumentar os juros. ‘’Pode ser que os dois últimos movimentos de aumento da Selic aconteçam depois do final de outubro. Mas, se a inflação vier alarmante em maio, tudo indica que os juros subam antes de outubro’’, disse.

Ele lembrou que os preços administrados como combustíveis e energia devem influenciar na inflação e, consequentemente, na taxa Selic. Prevê que a inflação do ano feche em 6,3%, mas com o rendimento do trabalhador crescendo menos e com menor geração de empregos.

Para o economista e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Estácio, Daniel Poit, a parte técnica da decisão de manter os juros foi porque a economia não está crescendo nos níveis minimamente desejáveis e aumentar os juros só agravaria a situação. Segundo ele, os aumentos sucessivos de juros ajudam mais a conter o crescimento econômico do que a inflação.

O outro motivo da decisão do BC, segundo ele, foi o componente político por se tratar de um ano de eleição, o que evita um desgaste da imagem da presidente Dilma Rousseff (PT). "É muito provável que o governo não mexa nos juros até o fim de outubro’’, prevê.


Andréa Bertoldi
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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