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Superando limites

Com esforço, determinação e talento, para-atletas brilham no Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa

Gustavo Carneiro
Carolina Santos consegue brilhar nos torneios mesmo enfrentando rivais com maior mobilidade
Marcos Zanutto
Tatiane Freitas foi campeã brasileira entre os atletas com deficiência intelectual
Tatiane Aparecida Gomes de Freitas, 32 anos. Carolina Santos, 35. As duas possuem limitações físicas, mas nem por isso se entregaram a elas. Com esforço, determinação, superação e talento, colhem frutos no tênis de mesa e se destacaram na versão paralímpica do 45º Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa, realizado em Fortaleza, no final de semana passado. A primeira foi medalha de ouro entre atletas com deficiência intelectual, enquanto a segunda ficou com o bronze entre competidoras com mobilidade reduzida.

Paulista de Paraguaçu, Carol mora há oito meses em Londrina e é atleta da equipe Acel/Atemel/FEL. Ela disputou seu terceiro torneio nacional e ainda está se adaptando ao esporte que conheceu há três anos. Devido a um problema genético, a para-atleta nasceu sem as mãos e os pés. Caminha com a ajuda de próteses e, para jogar, utiliza uma raquete com um apoio em velcro, que fixa no antebraço.

Como compete com rivais que possuem outro tipo de deficiência, ela ainda sente um desequilíbrio nos confrontos, mas mesmo assim não se abate. "É muito difícil ainda para mim. As concorrentes têm dificuldade de mobilidade, mas todas têm as mãos, sou a única que não tem. Também me falta força das pernas para impulsionar. É muito mais difícil. Meu esforço não dá nem para comparar com o delas. A habilidade que tenho que ter é muito grande por causa disso", confidenciou.

Por essas barreiras todas, o terceiro lugar no Brasileiro foi imensamente comemorado pela para-atleta. "É uma emoção que não tem tamanho. É uma coisa fora do comum, que nunca imaginei passar, estar no pódio. Nunca imaginei ser atleta", revelou.

Já Tatiane é atleta do Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais (Ilece). Há dois anos, ela joga em nível de competição e, com o título no Brasileiro, já começa a sonhar mais alto. Quer uma vaga no ParaPan do ano que vem, no Canadá, que classifica para a Paraolimpíada do Rio, em 2016. "Treinei muito para chegar no meu objetivo, que era esse primeiro lugar. Demorou muito para a ficha cair", resumiu a para-atleta, que treina cinco dias na semana e viu sua saúde e disciplina melhorarem.

PATROCÍNIO

As duas superaram suas deficiências, mas está cada vez mais difícil para elas superarem as barreiras financeiras para evoluírem no esporte. Sem patrocínio, fica complicado tanto dedicar mais tempo aos treinamentos como participar de competições importantes.

Edson Luiz Martinussi é o treinador de Tatiane. Ele transforma os alunos do Ilece em atletas há 29 anos. Sempre com dificuldades. Dos 11 para-atletas que tem em sua equipe de tênis de mesa, apenas a medalhista pôde viajar para Fortaleza. Isso porque a família dela pagou a passagem aérea. Ele espera agora, com os resultados, conseguir um financiador para o time. O Ilece tem tradição no esporte paralímpico. São praticados atletismo, badminton, tênis de mesa e basquete, que já disputou algumas edições do Mundial da categoria. "O Ilece sempre deu amplo apoio para o esporte. O trabalho que fazemos é a longo prazo. Não é fácil. O esporte contribui em vários aspectos para a vida deles, como terem um pouco de independência e o convívio social", ressaltou Martinussi.
Thiago Mossini
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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