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90% dos professores brasileiros se sentem desvalorizados

Salário baixo e carga horária excessiva são principais problemas apontados pela categoria

Anderson Coelho
Márcia e Eliane admitem que a profissão não dá o retorno financeiro esperado, mas nem assim a paixão pelo magistério esmorece
Londrina - Um professor do ensino básico no Brasil ganha em média metade do salário de outros profissionais com a mesma escolaridade, segundo dados de 2012 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma realidade combatida pela categoria e apontada pelos educadores como um dos motivos que tornam a carreira no magistério cada vez menos atraente no País. A baixa remuneração também explica índices como o levantado pela Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada na semana passada.

Segundo o estudo, que ouviu 100 mil professores e diretores escolares em 34 países, somente 12,6% dos professores brasileiros sentem-se valorizados na profissão, percentual bem abaixo da média internacional, que foi de 30,9%. Se ganham pouco, nossos docentes trabalham muito. A pesquisa mostrou que a carga horária no País é de 25 horas de ensino por semana, seis horas a mais do que a média internacional. Em relação ao tempo de permanência em sala de aula, os professores brasileiros ficam atrás apenas da província de Alberta, no Canadá, com 26,4 horas trabalhadas por semana, e do Chile, com 26,7 horas. Só que boa parte desse tempo – 20% - é gasto para manter a disciplina dentro da sala, enquanto a média internacional é de 13%.

A gerente da área técnica da organização não governamental Todos Pela Educação, professora Alejandra Meraz Velasco, salienta que há outros aspectos da pesquisa que escancaram as deficiências do sistema educacional brasileiro. "Cerca de 40% dos professores brasileiros entrevistados trabalham em período integral, enquanto a média internacional é de 80%. Isso indica que os nossos professores têm mais de um trabalho e precisam complementar sua jornada", avalia. "A média do número de alunos em sala de aula é 24 nos outros países e 31 no Brasil. Então, são várias situações que precisam ser melhoradas e que envolvem melhores condições de trabalho dos professores, como ampliação no quadro de docentes e das instalações das instituições de ensino também", aponta a educadora.

Para o presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato), professor Hermes Silva Leão, a pesquisa da OCDE abre um debate importante sobre a valorização do professor. "Apesar da aprovação da Lei do Piso, os salários são insuficientes, tivemos recomposição salarial apenas da data-base, não conseguimos aumento real. Ainda lutamos com a realidade do número excessivo de alunos em sala de aula, é uma situação que gera aumento de trabalho, são mais provas e trabalhos para corrigir, mais aulas para preparar. Também debatemos bastante a formação continuada, temos um deficit muito grande de professores. E estamos lutando para termos um programa de saúde preventiva para cuidar da saúde de quem entra na rede", enumera.

O sindicalista lembra que são ações propositivas capazes de tornar o magistério mais atraente para quem pretende ingressar na carreira. Atualmente, diz ele, fatores como a baixa remuneração não apenas impedem a formação de novos professores como provocam uma debandada da rede pública. "Temos bons professores que estão na rede e abandonam o magistério em busca de salários melhores. Precisamos de salários que possam atrair e manter no nosso quadro professores de qualidade", ratifica Hermes Leão. (Com Agência Brasil)
Diego Prazeres
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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