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Logística representa 17% do custo da soja do Paraná

Estudo da Esalq conclui que participação poderia ser maior caso os fretes rodoviários não fossem subavaliados

Ricardo Chicarelli
Transporte responde pela maior parte do preço da soja produzida no Paraná: 8,76%
Os custos logísticos (armazenagem, transporte e despesas portuárias) corresponderam a 17,7%, em média, do preço da soja produzida no Paraná. O transporte responde pela maior parte (8,76%), seguido pela armazenagem (6,38%). Por último, vêm as despesas portuárias, que respondem por 2,58% do preço da soja entregue no porto.

Os números são da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e fazem parte de um estudo, o Projeto Benin, encomendado pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Representantes da Esalq viajaram pelo interior do Estado, em março do ano passado, entrevistando transportadores, tradings, cooperativas e cerealistas. Os cálculos levam em conta o valor de US$ 10,45 pelo bushel da soja, referente ao dia 12 de setembro.

E mostram que, apesar das recorrentes queixas dos produtores rurais a respeito dos valores dos fretes, a situação poderia ser bem pior. A Esalq concluiu que o transporte rodoviário de grãos no Paraná é caracterizado como um mercado de "concorrência perfeita", no qual muitos agentes ofertam e demandam o serviço de forma que nenhum tem poder sobre o preço.

Além disso, segundo o projeto Benin, muitos transportadores não sabem calcular seus custos ao não considerarem, por exemplo, os salários e depreciação dos caminhões. "Em alguns períodos do ano, o preço praticado pelo mercado encontra-se abaixo dos custos mínimos para a realização deste serviço de transporte", diz o relatório da Esalq.

Foram estudadas cinco rotas com destino a Paranaguá, saindo dos municípios de Piraí do Sul, Maringá, Francisco Beltrão, Campo Mourão e Toledo. Na última, o preço médio do frete é 7% inferior ao seu custo. A única rota bem remunerada, de acordo com o projeto, é a de Piraí do Sul, cujo valor do frete é 41% acima do custo. Nas outras, esse índice não passa de 7%. "Em geral os preços do frete ao longo do ano estão bem próximos do custo", diz a Esalq.

O estudo chamou a atenção para o fato de o Paraná, em 1997, ter formado o Anel de Integração rodoviário, com a implantação de pedágio nas principais rodovias, que "melhorou sensivelmente" o estado de conservação dos principais eixos do transporte, reduzindo gastos com manutenção de veículos, porém a um "preço elevado". O relatório diz que as concessionárias "pouco fizeram para melhorar o sistema de escoamento por rodovias, a não ser a obrigatória manutenção das pistas de rolamento".

Nas cinco rotas analisadas, a participação do pedágio nos custos de transporte varia de 5% (caso de Piraí do Sul) a 14% (Maringá). O combustível é o principal custo variável, representando 44% do total. Os pneus representam 30% e a manutenção, 22%. Já, entre os fixos, a maior participação é a de remuneração do capital (30%), seguida dos seguros (25%) e da depreciação (21%). A mão de obra vem em quarto lugar, com 25%.


Nelson Bortolin
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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