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DESAFIOS DO PARANÁ - Estado precisa acelerar redução de homicídios

Número de assassinatos diminuiu nos últimos três anos, mas índice ainda é mais do que o dobro do considerado aceitável pela ONU

Gina Mardones
"A lei é muito branda com o adolescente", afirma Luciney de Oliveira Souza que fez campanha para redução da maioridade penal após o assassinato do marido
Após abrir na semana passada, com o tema educação, a série "Desafios do Paraná", que visa debater quatro áreas prioritárias que vão exigir muita atenção do próximo governador do Estado, a FOLHA se debruça sobre uma das grandes preocupações da população paranaense: a segurança pública.

Nas últimas décadas, tornaram-se comuns histórias tristes como a da família do empresário José Luiz de Souza, proprietário do Depósito São Marcos, em Londrina, morto por um assaltante adolescente que invadiu o estabelecimento, em março do ano passado.

A viúva Luciney de Oliveira Souza fez uma campanha para redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Conversou com alguns políticos, mas obteve "mais rejeição do que apoios".

"Já que se decidiu pela manutenção da maioridade penal como é hoje, então que se faça prevenção para evitar que o adolescente entre para o crime", diz Luciney. "Na educação, existe a parte da família e a parte da sociedade. Muitos jovens são levados ao tráfico e à bandidagem. A oferta é muito fácil, então muitos decidem ir para a vida do crime."

"Perto das eleições, a gente sempre vê policiamento ostensivo pela cidade. Aí, a gente vota, a eleição acaba e ficamos à mercê da sorte novamente. Hoje ninguém tem segurança em lugar nenhum. A gente trabalha, tem que conviver com bandido e tem que pagar por segurança para poder trabalhar com tranquilidade", critica.

Sete envolvidos na morte de José Luiz de Souza foram identificados, três menores de idade e quatro maiores. A Justiça ainda não estipulou sentenças. "Houve um trabalho muito firme (de investigação), porque logo conseguiram identificar e localizar os envolvidos. Mas o problema é que a lei é muito branda com o adolescente. O que atirou está cumprindo medida (socioeducativa) de três anos. Já cumpriu um", diz Luciney.

Ela hoje administra o depósito com os dois filhos do casal. "A vida não pode parar. A perda é irreparável. A dor é imensa. O único jeito é levantar a cabeça, acreditar em um futuro melhor e fazer nossa parte para que ele aconteça", afirma.

O proprietário do Depósito São Marcos foi uma das 96 vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte) no Paraná em 2013. O governo do Paraná não contabiliza essas ocorrências como homicídios dolosos – estes foram 2.572 no ano passado de acordo com a estatística oficial (veja infográfico nesta edição). Além disso, foram computados 77 casos de lesão corporal seguida de morte, delito que também não entra nos números de homicídios dolosos.

Nos últimos anos, o Paraná teve quedas expressivas nos números de homicídios dolosos e de mortes no trânsito. Segundo estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), entre 2010 e 2013 o contingente de pessoas assassinadas diminuiu 21,49% no Estado, e o de homicídios culposos de trânsito sofreu redução de 13,51%. Entretanto, entre os crimes contra a pessoa, os casos de lesão corporal tiveram alta de 13,91% em três anos.

Entre os crimes contra o patrimônio, os roubos diminuíram 2,48%, mas aumentaram os furtos em geral (2,47%) e os furtos e roubos de veículos (respectivamente 13,94% e 0,99%). As ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas cresceram 24,75% de 2012 para 2013 – os relatórios da Sesp não possuem dados anteriores ao ano retrasado.

Embora a queda expressiva de assassinatos deva ser comemorada, no ano passado o índice de homicídios dolosos foi de 23,39 a cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro do considerado aceitável pela Organização das Nações Unidas (10 por grupo de 100 mil habitantes).

O governo afirma que até o final do ano terá incorporado 10 mil profissionais às polícias Militar, Civil e Científica desde o início da atual gestão. No mês passado, no anúncio de nomeações de policiais civis, a administração estadual informou que todas as comarcas passarão a ter delegados. Também apontou que o aumento de efetivo permite a retirada de presos das delegacias.

O governo alega ainda que promoveu melhorias salariais para os profissionais de segurança pública e adquiriu novos equipamentos e cerca de 1,5 mil viaturas.

folha de londrina
Fábio Galão
Reportagem Local
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