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Arrecadação em julho reduz 3,8% no Paraná

Mau resultado da indústria de veículos e crise na Argentina causam resultado pior no Estado do que a queda de 1,6% do País

A arrecadação de impostos e contribuições federais no Paraná fechou julho em R$ 4,716 bilhões, retração de 3,85% em relação ao mesmo mês do ano passado. Dados divulgado ontem pela Receita Federal apontam ainda que o fraco desempenho da indústria é o principal responsável pelo resultado, que é ainda pior e chega a R$ 33,787 bilhões, ou 7,94% a menos do que no acumulado em sete meses deste ano ante o mesmo período de 2013.

No País, o resultado também foi ruim, mas melhor do que no Estado. A arrecadação nacional ficou em R$ 98,816 bilhões em julho, queda de 1,60% ante o mesmo mês do ano passado, e em R$ 677,410 bilhões em sete meses, ou leve alta de 0,01% no ano.

O assessor do gabinete da Superintendência da 9ª Região da Receita Federal, Vergilio Concetta, afirma que o mau momento da indústria tem reflexo direto sobre o recolhimento do PIS/Cofins, mas interfere também em outros tributos. "O desempenho industrial do Brasil, na média, foi bem diferente do que houve no Paraná, porque muitos estados tiveram resultados melhores no setor", diz o assessor da regional, que engloba Paraná e Santa Catarina.

Conforme o relatório da regional da Receita, que engloba os dois estados, o resultado do PIS/Cofins de julho deste ano foi 4,6% menor do que o do mesmo mês de 2013. O motivo foi o redução na arrecadação na indústria, "principalmente, eletricidade, gás e outras utilidades (-17,2%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-21,4%) e fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-30,0%)". Houve ainda alteração no cálculo de tributos para importação, que também impactaram em reduções na arrecadação do PIS/Cofins, e queda de 6% na movimentação no Porto de Paranaguá.

DESONERAÇÃO
Segundo a Receita, a renúncia fiscal no País com desonerações acumula R$ 58,813 bilhões neste ano, 39,18% a mais do que os R$ 42,257 bilhões do mesmo período do ano passado. Somente os abonos referentes à folha de salários somaram R$ 10,965 bilhões em 2014.

Por outro lado, o Programa de Recuperação Fiscal conhecido como Refis da Copa, que permite o parcelamento de débitos federais com redução de multas e juros, e a recomposição gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis tiveram impacto positivo.

Motivos
Segundo o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), houve queda de 6% nas vendas industriais paranaenses no primeiro semestre. Ele ressalta que o resultado do Estado tem sido ruim pela queda de quase 18% no comércio industrial automotivo, de 2,54% no de alimentos e pela crise argentina. "Tivemos redução na exportação de veículos para a Argentina, que é nosso (do Paraná) segundo maior parceiro comercial, então fomos mais afetados do que o País."

Para o professor de economia Azenil Staviski, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), os resultados fracos da arrecadação são um termômetro do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo com o aumento nas desonerações, ele diz que não houve mudança significativa nas alíquotas que justificasse o desempenho do País quase igual ao do ano passado, quando descontada a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "Os governos estaduais e federal terão de fazer ajustes significativos nos orçamentos para o ano que vem", afirma, sobre a expectativa de cortes de gastos.



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Fábio Galiotto
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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