‘Debate foi usado para desconstruir imagens’
Primeiro debate na TV entre os candidatos ao governo do Paraná foi marcado por ataques, avaliam especialistas

Debate na Band Curitiba começou às 22 horas de quinta-feira e durou mais de 2 horas
No primeiro debate na TV entre os candidatos ao governo do Paraná, na Band Curitiba, quinta-feira à noite, a estratégia adotada, especialmente pelos três principais concorrentes, foi o ataque. Em confronto direto durante todo o encontro, onde candidato pergunta para candidato, Beto Richa (PSDB), Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) aproveitaram para recuperar situações constrangedoras ligadas à vida pública de cada um. A atuação do trio pode ser avaliada como uma tentativa de desconstruir a imagem do adversário, de acordo com o cientista político Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo ele, a disputa paranaense permanece estável, "diferente do que ocorre no cenário nacional, de maior insegurança" devido à candidatura de Marina Silva (PSB), que mexeu nas estratégias dos demais presidenciáveis. "Dado que a condição (no Paraná) está mais ou menos cristalizada, com os três candidatos à frente com uma distância relativa entre eles, isso oferece a condição para que tentem se apresentar como melhor que o outro, desconstruindo a imagem do oponente. É uma tentativa de ocupar o lugar do outro."
Os embates começaram logo na abertura do debate. Requião dirigiu pergunta ao "candidato Carlos Alberto", comparando a situação econômica entre as duas gestões. O senador criticou a administração atual do Estado e a gestão do candidato à reeleição que "derrubou 40 mil empregos". "Já está de cabelo branco, é hora de começar a falar a verdade", respondeu o tucano.
Gleisi, mais tarde, quando teve oportunidade de fazer pergunta ao peemedebista, o acusou de ser incoerente por receber aposentadoria de ex-governador. "Precisamos ter coerência. Você já fez campanha batendo em candidato que recebia aposentadoria especial." Requião disse que abriu mão do benefício por 16 anos, deixando de receber R$ 5,5 milhões. Mas depois aceitou, segundo ele, para pagar indenizações decorrentes de decisões judiciais, após ter denunciado "ladrões". "Fazer o povo paranaense pagar por aquilo que você diz? Não é correto", devolveu a petista.
Gleisi e Beto também se agrediram. Passaram pela questão dos empréstimos junto à União e chegaram ao mensalão e "sogra fantasma". Beto cutucou primeiro e falou que no governo federal há "obras superfaturadas, corrupção e líderes (do PT) na penitenciária da Papuda". Gleisi rebateu com o caso da "sogra fantasma". "Em nenhum momento criamos uma secretaria especial para colocar genro de sogra fantasma." Beto nomeou Ezequias como secretário de Estado de Cerimonial e Relações Internacionais, em 2013, às vésperas da primeira audiência judicial em processo criminal sobre a nomeação da sogra dele na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná. Assim, ganhou foro privilegiado. O salário dela, que não trabalhava efetivamente na AL, ficava com Ezequias, como ele próprio admitiu.
O professor Emerson Cervi lembrou que "todos os candidatos já ocuparam algum cargo, sempre tem algo que já foi tornado público, mas (o ataque) é sempre para tentar subtrair do adversário um lote que ele tem."
Nanicos
Participaram do debate também os candidatos considerados nanicos, que podem ser separados em dois grupos, segundo Cenci. Geonísio Marinho (PRTB), Ogier Buchi (PRP) e Tulio Bandeira (PTC), de partidos "sem posição ideológica, que buscam aparecer pensando em futuras disputas"; e Bernardo Pilotto (Psol) e Rodrigo Tomazini (PSTU), que "marcam posição de esquerda". "Esses grupos agem sem necessariamente desconstruir a imagem do outro."
Contudo, Tulio atacou Gleisi com a prisão de Eduardo Gaievski, ex-assessor da petista na Casa Civil. Gaievski foi preso sob suspeita de pedofilia. Os casos teriam ocorrido quando ele foi prefeito de Realeza, no Sudoeste do Estado. Ela respondeu que Bandeira "tem 30 inquéritos policiais nas costas" e chegou a ser preso sob suspeita de estelionato.
Espaço democrático
Segundo o professor da Escola de Negócios da PUC-PR Másimo Justina, o debate "foi democrático na medida em que permitiu que cada candidato fizesse pergunta ao outro". Quanto às atuações dos candidatos mais atacados, o professor avalia que tiveram desempenho dentro do esperado. "Foram acusações respondidas com a astúcia do momento. Não ficaram em apuros para responder."
Segundo ele, a disputa paranaense permanece estável, "diferente do que ocorre no cenário nacional, de maior insegurança" devido à candidatura de Marina Silva (PSB), que mexeu nas estratégias dos demais presidenciáveis. "Dado que a condição (no Paraná) está mais ou menos cristalizada, com os três candidatos à frente com uma distância relativa entre eles, isso oferece a condição para que tentem se apresentar como melhor que o outro, desconstruindo a imagem do oponente. É uma tentativa de ocupar o lugar do outro."
Os embates começaram logo na abertura do debate. Requião dirigiu pergunta ao "candidato Carlos Alberto", comparando a situação econômica entre as duas gestões. O senador criticou a administração atual do Estado e a gestão do candidato à reeleição que "derrubou 40 mil empregos". "Já está de cabelo branco, é hora de começar a falar a verdade", respondeu o tucano.
Gleisi, mais tarde, quando teve oportunidade de fazer pergunta ao peemedebista, o acusou de ser incoerente por receber aposentadoria de ex-governador. "Precisamos ter coerência. Você já fez campanha batendo em candidato que recebia aposentadoria especial." Requião disse que abriu mão do benefício por 16 anos, deixando de receber R$ 5,5 milhões. Mas depois aceitou, segundo ele, para pagar indenizações decorrentes de decisões judiciais, após ter denunciado "ladrões". "Fazer o povo paranaense pagar por aquilo que você diz? Não é correto", devolveu a petista.
Gleisi e Beto também se agrediram. Passaram pela questão dos empréstimos junto à União e chegaram ao mensalão e "sogra fantasma". Beto cutucou primeiro e falou que no governo federal há "obras superfaturadas, corrupção e líderes (do PT) na penitenciária da Papuda". Gleisi rebateu com o caso da "sogra fantasma". "Em nenhum momento criamos uma secretaria especial para colocar genro de sogra fantasma." Beto nomeou Ezequias como secretário de Estado de Cerimonial e Relações Internacionais, em 2013, às vésperas da primeira audiência judicial em processo criminal sobre a nomeação da sogra dele na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná. Assim, ganhou foro privilegiado. O salário dela, que não trabalhava efetivamente na AL, ficava com Ezequias, como ele próprio admitiu.
O professor Emerson Cervi lembrou que "todos os candidatos já ocuparam algum cargo, sempre tem algo que já foi tornado público, mas (o ataque) é sempre para tentar subtrair do adversário um lote que ele tem."
Nanicos
Participaram do debate também os candidatos considerados nanicos, que podem ser separados em dois grupos, segundo Cenci. Geonísio Marinho (PRTB), Ogier Buchi (PRP) e Tulio Bandeira (PTC), de partidos "sem posição ideológica, que buscam aparecer pensando em futuras disputas"; e Bernardo Pilotto (Psol) e Rodrigo Tomazini (PSTU), que "marcam posição de esquerda". "Esses grupos agem sem necessariamente desconstruir a imagem do outro."
Contudo, Tulio atacou Gleisi com a prisão de Eduardo Gaievski, ex-assessor da petista na Casa Civil. Gaievski foi preso sob suspeita de pedofilia. Os casos teriam ocorrido quando ele foi prefeito de Realeza, no Sudoeste do Estado. Ela respondeu que Bandeira "tem 30 inquéritos policiais nas costas" e chegou a ser preso sob suspeita de estelionato.
Espaço democrático
Segundo o professor da Escola de Negócios da PUC-PR Másimo Justina, o debate "foi democrático na medida em que permitiu que cada candidato fizesse pergunta ao outro". Quanto às atuações dos candidatos mais atacados, o professor avalia que tiveram desempenho dentro do esperado. "Foram acusações respondidas com a astúcia do momento. Não ficaram em apuros para responder."
Edson Ferreira
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA