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PIB encolhe 0,6% no segundo trimestre

Investimentos produtivos e na indústria tiveram forte retração; em relação ao mesmo período de 2013, recuo foi de 0,9%

Curitiba - Com forte retração nos investimentos produtivos e na indústria, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,6% no segundo trimestre de 2014 em relação aos três meses anteriores. O que puxou a economia brasileira para baixo foi principalmente a queda de 1,50% na indústria e de 5,30% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma espécie de medida de investimentos. O consumo do governo e os serviços também apresentaram recuo de 0,70% e 0,50%, respectivamente.

Em relação ao segundo trimestre de 2013, o PIB do País teve retração de 0,9%, como foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou quedas acentuadas também na indústria (-3,4%) e nos investimentos (-11,20%). No mesmo período, o PIB do Paraná cresceu 0,1%, o que demonstra que a economia paranaense já começa a ser mais afetada pelo cenário nacional. Segundo estimativas preliminares divulgadas ontem pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), no segundo trimestre, o setor de serviços cresceu 3,5% no Paraná e foi o que segurou o PIB positivo apesar da queda de -4,3% da agropecuária e do recuo de 6,5% da indústria.

O IBGE também revisou o resultado do primeiro trimestre deste ano sobre o quarto trimestre de 2013 para mostrar contração de 0,2%, contra avanço de 0,2% que tinha sido divulgado anteriormente, levando o País a entrar em recessão técnica.

No primeiro semestre do ano, o PIB no Brasil cresceu 0,50% com as contribuições positivas da agropecuária (1,20%), de serviços (1,10%), do consumo das famílias (1,70%) e do consumo do governo (2,10%). As quedas ficaram com a indústria (-1,40%) e com investimentos (-6,80%). No semestre, a economia do Paraná cresceu 1,7% puxada por serviços (+4%), mas com recuos na indústria (-1,9%) e na agropecuária (-4,5%).

Para o economista do Ipardes, Francisco José de Castro, os principais motivos que levaram à queda do PIB foram a redução dos investimentos por parte das empresas, a diminuição do consumo das famílias e os resultados negativos da indústria. No entanto, o que ele considera mais "assustador" é a redução nos investimentos, o que mostra como vai ser o crescimento a longo prazo. Além disso, o aumento da inadimplência com o comprometimento da renda diminui a previsão de perspectivas de consumo futuro.

O economista do Dieese, Sandro Silva, disse que o resultado do PIB foi influenciado pela indústria, pelo câmbio, além da crise internacional e do aumento dos juros. Ele lembrou ainda que o preço das commodities caiu no mercado internacional, o que afetou a agropecuária. Para ele, o resultado do Brasil do segundo trimestre não pode ser considerado como recessão técnica já que a renda, os serviços e o comércio vêm crescendo. Ele destacou que o resultado do PIB do Estado foi um pouco melhor em função da diversificação da economia e do setor industrial.

O professor da Escola de Negócios da PUC-PR e economista, Másimo Della Justina, apontou como motivos para a queda do PIB a capacidade de consumo da população que chegou ao esgotamento, a inflação que diminui o poder aquisitivo e a economia internacional que não reagiu. Para ele, nos últimos anos, o governo forçou o crescimento em um momento que, na verdade, a economia tinha que se ajustar.

Os especialistas ouvidos pela Folha acreditam que o PIB não vai se recuperar neste ano. Silva prevê que a retomada dos investimentos aconteça no final de 2014 ou no próximo ano. Para eles, 2015 será um ano de ajustes.


Andréa Bertoldi
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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