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Inverno sem geada derruba preços de hortifrútis na Ceasa

Ótima produtividade associada a um clima estável no Norte do Estado aumenta a oferta de produtos no mercado atacadista

Gina Mardones
"Hortifrúti está barato demais, mas o consumidor não está comprando muito", lamenta José Ferreira, dono de box na Ceasa em Londrina
Diferentes setores que movimentam a economia brasileira aguardaram ansiosamente o final do primeiro semestre de 2014, na expectativa de um novo fôlego para as vendas a partir de agora até o final do ano. O segmento de alimentos, apontado por diversos especialistas como um dos principais itens no controle da inflação, está na mesma situação, mas até agora o que se vê são os preços e as vendas despencarem, principalmente quando se trata dos hortifrútis. Para o consumidor o cenário pode representar um alívio para o bolso na hora da compra, porém para quem produz e vende o mercado não está bom.

Nos últimos meses, a ótima produtividade associada a um clima estável no Norte paranaense têm colocado um volume de produtos enorme no mercado atacadista da região, mas o consumo não tem acompanhado a oferta excedente. De acordo com números de comercialização das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa), diversos produtos despencaram de preço entre maio e agosto em Londrina.

O tomate, considerado o vilão da inflação por especialistas no ano passado, continua caindo e, segundo alguns donos de box da Ceasa de Londrina, está saindo "praticamente de graça". A variedade saladete, por exemplo, despencou, entre 20 de maio e 18 de agosto, 37,5% e está sendo comercializada a R$ 25 a caixa de 23 quilos. "Há três meses estava vendendo entre R$ 50 e R$ 60 e agora chega a R$ 20. Quando o produtor acerta a safra, como ocorreu no ano passado, geralmente ele dobra o plantio. O problema é que o hortifrúti está barato demais, mas a população não está comendo mesmo com toda essa oferta", lamenta José Haroldo Ferreira, proprietário de um box na Ceasa. "Essa época de inverno geralmente é boa, vendo por volta de duas mil caixas por dia, mas este ano está bem complicado fechar em mil caixas", lamenta ele.

A batata lisa de primeira é outro exemplo da alta oferta e preços bem abaixo do normal na região. De junho a agosto, a retração foi de R$ 80 para

R$ 45 no saco de 50 quilos, totalizando queda de 43,7%. Em março, a caixa chegou a ser comercializada por R$ 220. "É claro que há a oscilação devido à sazonalidade, mas em 2014 os preços caíram mais do que em outros anos. Além disso, se antes eu estava vendendo por volta de 300 sacos por dia, hoje o número está pela metade", explica o proprietário do box Garcia, Diego Garcia. "A cebola também vem caindo desde junho, de R$ 32 para R$ 25 para o saco de 20 quilos."

Outro proprietário de box na Ceasa e com larga experiência no ramo, Clóvis Tsuzaki, faz uma análise macroeconômica do cenário atual. Ele relembra que no ano passado aconteceram três geadas fortes na região e que este ano as temperaturas estão excelentes para a produção de inverno, sem nenhum tipo de adversidade climática até agora. "Não há segredo: é produtividade e boa qualidade dos produtos associado a baixa demanda. Todos nós imaginávamos que os brasileiros voltariam a gastar com esse tipo de alimento após a Copa do Mundo, mas isso não está ocorrendo na prática. Produtos da cesta básica como banana, cebola, batata e tomate estão despencando nos últimos meses", explica Tsuzaki.

O gerente da unidade da Ceasa em Londrina, Marcos Augusto Pereira, tem a mesma opinião dos comerciantes. "Este ano tem chovido com regularidade no inverno, as geadas aconteceram de forma bem amena apenas nas baixadas, o que não frustrou as safras de folhosas e olerícolas. O mercado está bem abastecido."

Em relação a outros produtos, principalmente frutas como melancia, abacaxi, manga e laranja, o que se percebe é uma estabilidade e até aumento de preços, sem oscilações tão bruscas, segundo levantamento da Ceasa.


Victor Lopes
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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