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Polícia tem imagem de suspeito de matar professor

Sérgio Adolfo era considerado referência nacional nas pesquisas sobre Literatura Africana e Cigana

Londrina - A Polícia Civil vai analisar hoje as imagens das câmeras de segurança de um motel que registraram o suspeito de ter assassinado o professor Sérgio Paulo Adolfo, de 65 anos, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O corpo da vítima foi encontrado dentro do próprio carro no Jardim Perobal, na zona norte de Londrina, por volta das 17 horas de terça-feira.

De acordo com o investigador da Delegacia de Homicídios, Cláudio Santana, o corpo estava no banco de trás do veículo e apresentava sinais de estrangulamento. "Ele estava com a própria camiseta amarrada em volta do pescoço e possuía marcas de agressão no rosto", detalhou.

A polícia trabalha com duas linhas de investigações para elucidar o crime. A primeira é latrocínio (roubo seguido de morte), uma vez que a carteira e o celular da vítima não foram encontrados. A segunda hipótese é de que o assassinato tenha sido motivado por um desentendimento.

Na manhã de terça-feira, o professor foi visto no campus da UEL, onde era coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras. Ele conversou com familiares pela manhã e fez compras em um supermercado perto do horário do almoço. "Pelas imagens apuramos que a vítima saiu sozinha do supermercado, carregando apenas as sacolas com as compras", destacou o delegado chefe da 10ª Subdivisão Policial, Márcio Amaro.

Segundo Amaro, o professor teria sido morto durante a tarde em um motel. "Não revelaremos os nomes do motel, do supermercado e as características do suspeito para não prejudicar as investigações", afirmou. O Instituto de Criminalística coletaria digitais no carro e no quarto do motel onde o professor entrou na companhia de um homem.

ALUNOS ‘ÓRFÃOS’
O professor Sérgio Paulo Adolfo era considerado uma referência nacional nas pesquisas sobre Literatura Africana e Literatura Cigana. Professor do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da UEL, Alamir Aquino Corrêa lamentou a perda. "Eu o conheço desde 1987 quando vim para Londrina. Ele sempre foi muito brincalhão, afável e apaixonado pelos objetos de pesquisa. É uma perda muito grande também pelo esvaziamento de uma área de pesquisa. Os alunos ficaram órfãos. São dois mestrandos e cinco doutorandos. Os trabalhos foram interrompidos e não temos outro professor nessas áreas", lamentou.

Natural de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), Adolfo atuava na UEL desde 1977. Pós-doutor pela USP, o pesquisador fundou o Núcleo de Estudos Afro-asiáticos na instituição londrinense e era ligado ao candomblé. A UEL decretou luto oficial por um dia.

O professor era divorciado e pai de cinco filhos. A família preferiu não conversar com a imprensa. O enterro foi realizado no final da tarde de ontem no Cemitério Parque das Allamandas.
Viviani Costa e Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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