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Vítimas de acidente aéreo são enterradas em Londrina e Rolândia

Familiares e amigos prestaram últimas homenagens ao piloto e copiloto do Cessna que caiu em Curitiba no sábado

César Augusto
O corpo do copiloto Silvio Roberto Romanelli foi velado e sepultado no Cemitério Parque das Oliveiras, em Londrina
Londrina - Duas das vítimas do acidente com o avião Cessna 177 B, que caiu na tarde de sábado em Curitiba, no bairro Bacacheri, foram sepultadas ontem em Londrina e Rolândia. A comoção entre familiares e amigos foi grande. O campeão paranaense e brasileiro de sinuca Cleber Luciano Gomes, 33 anos, que era o piloto do avião, foi velado em Cambé e sepultado, às 17 horas, em Rolândia. Cerca de 300 pessoas acompanharam a última homenagem a Gomes, que era considerado pelos colegas um piloto bastante experiente. Seu amigo Baltazar Pitta, 67 anos, relatou que Gomes possuía brevê de piloto há 8 anos e há 6 atuava profissionalmente. "Ele vai deixar saudades. Era um pessoa muito querida, muito simples. Era um amigo que todo mundo gostava", ressaltou. Pitta enalteceu que Gomes era casado e gostava de crianças, demonstrando esse afeto principalmente com seus dois filhos, um de cinco anos e outro de um ano e meio.

A irmã do piloto, Adriana Luciano Gomes, de 34 anos, se emocionou ao falar do irmão. Ela revelou que antes de viajar, ao sair de casa, Gomes teria prometido a sua mãe que entraria em contato novamente somente quando retornasse para casa. "Minha mãe ficava apreensiva com as notícias de acidentes de avião e sempre tinha receio de que algo pudesse acontecer com ele. Por isso pedia para que ele evitasse falar para onde havia viajado e que só contasse a ela quando chegasse", destacou. Adriana ressaltou que o irmão era uma pessoa feliz e que havia herdado do pai a habilidade para jogar sinuca. "A nossa casa estava repleta de troféus dos torneios que ele disputava. Era motivo de orgulho para meu pai", afirmou.

Outra vítima fatal do acidente foi Silvio Roberto Romanelli, 52 anos, que estava como copiloto da aeronave. Ele era sobrinho do deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que recebeu a notícia quando estava em Carlópolis, por meio de funcionários do Hospital Evangélico de Curitiba. "A nossa família tinha ele como referência. Nós ainda não tivemos condição de assimilar este desastre", declarou. Durante o velório o deputado recebeu informações de outros pilotos, que conduziram anteriormente a mesma aeronave que sofreu o acidente, e segundo eles o avião estava em ótimas condições.

O irmão da vítima, Ilson Romanelli, afirmou que neste momento a família não quer saber das investigações sobre as causas do acidente. "Fomos pegos de surpresa. Queremos primeiro confortar a família e só depois vamos pensar nisso." Ilson destacou que a família Romanelli é pioneira em Londrina. "Nossa família chegou à região em 1942. Meu irmão é industrial e pecuarista e aprendeu a pilotar para ajudar na condução dos negócios", destacou. O empresário era separado e deixa uma filha de 28 anos e um filho de 24 anos. Ilson revelou que Gomes foi contratado para trazer um cliente de Curitiba para Londrina e que seu irmão estava como copiloto. O sepultamento de Romanelli foi realizado às 17 horas, no Cemitério Parque das Oliveiras.

O ACIDENTE
O avião partiu do Aeroporto de Bacacheri às 13h23 e o plano de voo informa que o destino final seria o Aeroporto 14 Bis, no Distrito Warta, zona norte de Londrina, mas acabou caindo em cima de uma casa na Rua Nicarágua, no bairro Bacacheri. O piloto teria tentado retornar à pista. O avião caiu no jardim de uma casa ocupada por três pessoas, mas elas escaparam ilesas. Um carro que estava na garagem ficou destruído.

Segundo uma pessoa que pediu para não ser identificada e que estava no aeroporto no momento em que a aeronave partiu, as condições de voo eram boas. "A aeronave decolou, mas não conseguiu ganhar altitude. O tempo estava limpo, com sol e não ventava muito, mas um minuto depois da decolagem aconteceu o acidente." Essa fonte, que conhecia o piloto, relatou que ele tinha vasta experiência na condução de aeronaves desse modelo. "Ele já tinha trabalhado como piloto por duas companhias de táxis aéreos. É difícil dizer o que pode ter provocado a queda, mas geralmente quando isso acontece, nunca é por uma causa isolada, mas por alguns fatores associados", destacou.

A aeronave chegou ao aeroporto de Bacacheri por volta das 12 horas vinda de Maringá (Noroeste). Segundo Gecivaldo Santos, assessor de imprensa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o certificado de aeronavegabilidade tinha validade até julho 2020. "A inspeção anual de manutenção da aeronave também estava válida até o dia 31/07/2015", informou. Ele destacou que a Anac aguardará o relatório com as informações do acidente que é realizado pela Aeronáutica para dar seguimento a um possível processo administrativo.

A reportagem entrou em contato com a empresa Cessna, fabricante da aeronave, mas até o fechamento da reportagem a empresa não se pronunciou sobre o acidente. O proprietário do avião, Marcelo Montezuma, também foi contatado, mas não falou com a reportagem.
Vítor Ogawa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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