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Youssef vai tentar delação premiada, diz defesa

Réu em cinco ações penais da Lava Jato, doleiro estaria disposto a colaborar com investigações; MPF não comenta

Curitiba - O doleiro Alberto Youssef, personagem principal da Operação Lava Jato, que investiga um mega-esquema de lavagem de dinheiro, concordou em fazer um contato inicial com os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na tentativa de obter um acordo de delação premiada. A informação foi confirmada ontem por sua defesa.

O londrinense está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, desde março, e teria tomado esta decisão após consultar familiares e também por ter conhecimento da crescente procura de réus da Lava Jato para colaborarem com as investigações. "Estamos iniciando as conversas, não há nada decidido. É um primeiro contato que está sendo feito, ele se mostrou aberto a tentar fazer um acordo mas, como é tudo sigiloso, não posso passar mais detalhes", disse o advogado Antonio Figueiredo Basto.

Caso este acordo se confirme, as duas pessoas consideradas peças-chave (Youssef e Paulo Roberto Costa) poderiam repassar detalhes de como funciona a engrenagem do esquema de corrupção, pagamento de propina e desvio de recursos da estatal petrolífera, conforme apontaram as primeiras investigações da PF.

Entretanto, Youssef tem um obstáculo a mais para conseguir um novo acordo com o MPF. Ele já descumpriu uma delação feita no ano de 2004, referente ao Caso Banestado. Na época se comprometeu a não atuar mais como doleiro mas, ao invés disso, aumentou seus negócios. Resultado: como quebrou o acordo, todos os processos do Banestado que haviam sido suspensos foram reabertos em maio deste ano. Num deles, inclusive, Youssef já foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão, além do pagamento de multa milionária.

O doleiro é réu em cinco ações penais da Lava Jato, entre elas a que tem por objeto crimes financeiros na celebração de contratos de câmbio fraudulentos em nome da empresa Labogem S/A Química Fina e outras para pagamentos no exterior de importações fictícias (nesta ação ele teria enviado cerca de R$ 1 bilhão para o exterior); e a que tem por objetivo crimes de lavagem de dinheiro fruto de desvios de recursos públicos da Petrobras. Esta última também cita Paulo Roberto Costa.

Procurado, o MPF informou que não vai comentar o assunto.

Carros
Em decisão publicada na noite de ontem, o juiz federal Sérgio Moro autorizou a cessão provisória de quatro carros apreendidos na Lava Jato para uso nas atividades da Polícia Federal. Conforme a Justiça, o pedido de destinação dos veículos à PF partiu do MPF.

Os carros apreendidos são uma VW Tiguan, placas FLR4044, e um Volvo, placas BBB6244, de propriedade de Alberto Youssef; uma Land Rover Evoque Dynamic, placas FZQ1954, de Paulo Roberto Costa; e uma Toyota Hilux, placas JIH6203, apreendida com André Luis Paula dos Santos.

"Não é tolerável que bens apreendidos ou sequestrados sejam expostos à deterioração, perdendo o seu valor para a acusação, no caso de posterior decretação do perdimento, ou mesmo para os acusados, no caso de posterior devolução", disse em seu despacho.

O juiz ainda lembrou que a Meta 19 da Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (Encla 2005), formulada por diversos órgãos públicos, recomenda o "melhor aproveitamento dos bens apreendidos, sequestrados, arrestados dentro das possibilidades legais já existentes, inclusive a alienação antecipada, se necessário".
Rubens Chueire Jr. Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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