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Greve começa com adesão de 1,5 mil bancários na região

No primeiro dia de paralisação, 74 agências ficaram fechadas em Londrina e cidades vizinhas

Fotos: Marcos Zanutto
Entre as reivindicações, categoria pede 12,5% de reajuste salarial e piso de R$ 2.979,25
Juliana Moreno foi ao banco para desbloquear um cartão e conseguiu orientação mesmo com a greve
A greve nacional iniciada ontem pelos bancários teve a adesão de 74 agências bancárias e 1,5 mil trabalhadores nos 25 municípios da área de abrangência do Sindicato de Londrina. No total, a região conta com 149 agências e 2.241 bancários. Decretada após uma série de negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), a paralisação não tem data para terminar. Também não está agendada uma nova rodada de negociações.

As principais reivindicações da categoria são reajuste de 12,5%, piso salarial de R$ 2.979,25, vales alimentação, refeição e auxílio-creche de R$ 724, e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 6.247. A Fenaban oferece 7,35% de reajuste e piso salarial máximo de R$ 2.403,60.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina, Wanderley Crivellari, diz que o movimento começou forte, com o fechamento das principais agências no Calçadão, avenidas Higienópolis e Tiradentes, e focos nas regiões periféricas. Ele destaca que, além do aspecto econômico, os bancários querem discutir outras questões, como "o adoecimento da categoria, por conta da pressão sofrida, e a questão de igualdade de trabalho entre homens, mulheres, negros e gays".

"A verdade é que a gente não precisava estar em greve, os bancos são as empresas que mais lucram no País, mas os patrões são intransigentes e ficam se apegando em centavos", declara. Crivellari destaca que eventuais transtornos à população estão sendo minimizados. "A gente contingenciou para que aposentados e pensionistas possam receber e, no autoatendimento, quem tem cartão consegue fazer a maior parte dos serviços", destaca.

O coordenador do Procon de Londrina, Rodrigo Brum, se ampara na Lei Federal 7.783/89 para reforçar que os serviços de compensação bancária e processamento de dados são essenciais e devem ser mantidos, por meio dos caixas eletrônicos. Durante a greve, o órgão também vai fiscalizar o abastecimento de cédulas e envelopes e o auxílio a idosos, gestantes e deficientes nas agências.

Em nota, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) reafirma a confiança na manutenção das negociações para um desfecho da greve. A entidade orienta o consumidor a buscar canais alternativos de atendimento, como internet, telefone e aplicativo de celular. Há também os caixas eletrônicos e rede 24 horas, além dos correspondentes bancários.

Usuários
Entre a população, predominam posições favoráveis à greve. A enfermeira Marli Araújo considera a paralisação um direito dos bancários. "Estou com 57 anos, todo ano tem greve e nunca fui prejudicada", declara. A massoterapeuta Juliana Moreno precisava desbloquear o cartão de crédito para uso no exterior e procurou uma agência do Banco do Brasil para se informar. Ela também concorda com o movimento.

"É um direito de quem trabalha no banco; eles deixaram uma pessoa orientando quem entra na agência, achei isso legal", afirma. O advogado Messias Pereira soube da greve ao chegar na agência, ontem a tarde, para realizar um depósito. "Se eles estiverem reivindicando salário é justo, porque não pode poucos ganharem tanto e muitos tão pouco", compara.

Encontramos também casos como o da doméstica Elizete Silva, que precisava quitar um boleto vencido. "Se a greve durar dez dias, quem vai pagar os juros pra mim?", questiona. Ela foi orientada por uma grevista a procurar uma casa lotérica, que recebe alguns boletos após o vencimento.
Cecília França
Reportagem Local-folha de londrina
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