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Homofobia resulta em uma morte a cada 28 horas no País

Violência em virtude da orientação sexual já matou 218 gays, lésbicas e transexuais neste ano

Londrina – A homofobia é responsável pela morte de uma pessoa a cada 28 horas no Brasil. A violência provocada em virtude da escolha sexual já resultou no assassinato de 218 gays, lésbicas, transexuais, homossexuais, heterossexuais e bissexuais em 2014. Os números são do Grupo Gay da Bahia (GGB), uma referência nacional há mais de 30 anos na causa LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e travestis).

Com ausência de informações oficiais sobre crimes homofóbicos, o site "Quem a homotransfobia matou hoje?", administrado pelo GGB, traz informações, baseadas em registros policiais e notícias veiculadas na imprensa, de todos os homicídios registrados no País. Em 2012, o número de assassinatos chegou a 338 e no ano passado foram 313 mortes.

"Esses dados são extremamente preocupantes. Em 2013, o Chile, que tem 18 milhões de habitantes, registrou quatro homicídios de homossexuais. Proporcionalmente em relação a população, no Brasil há um risco 80% maior de um homossexual ser morto", comparou Luiz Mott, antropólogo da Universidade Federal da Bahia e fundador do GGB.

Em números absolutos de crimes, São Paulo lidera este triste ranking com 36 crimes contra a vida em 2014. Em seguida aparecem Minas Gerais (22), Pernambuco (19), Goiás (18), Bahia (14), Ceará (11) e Piauí e Rio de Janeiro, ambos com 10 mortos. O Paraná é o nono mais violento, ao lado da Paraíba e do Mato Groso do Sul, com 8 crimes. Em 2012, o Paraná registrou 11 homicídios e no ano passado, 15. "A Região Nordeste continua sendo a mais violenta", apontou Mott.

Os oito assassinatos registrados em solo paranaense neste ano aconteceram em União da Vitória (2), Barbosa Ferraz (2), Foz do Iguaçu, Guarapuava, Paranaguá e Campo Mourão.

As principais vítimas dos ataques homofóbicos são os gays. Mais da metade dos homicídios (124), segundo a GGB, foi contra eles. Em seguida aparecem os transexuais, com 84 mortes, lésbicas (5), heterossexuais (3) e bissexuais (2). As vítimas foram mortas a tiros (71), facadas (70), espancadas (21), asfixiadas (20), pauladas (11) e apedrejamentos (6).

Uma das reivindicações das entidades que lutam pelos direitos dos LGBTs é que a homofobia seja considerada crime, assim como acontece com o racismo. Para Luiz Mott, existe hoje no País uma "homofobia governamental", que gera a impunidade. "No Brasil, se em um campo de futebol alguém xinga uma outra pessoa em relação a sua cor, responde criminalmente. Mas se xinga levando em conta a sua escolha sexual, não acontece nada. O problema é que poucos se atrevem a apoiar essa criminalização, que fatalmente amenizaria os números de crimes", ressaltou Mott. Dados da GGB, mostram que em 2012, de todos os casos letais de homofobia que ocorreram no mundo, 44% foram no Brasil.

No Congresso Nacional, tramita desde 2006 um projeto que altera a Lei 7.716, de janeiro de 1989, que trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor, criminalizando a homofobia e incluindo a prática na lei. O texto está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado desde o final do ano passado aguardando votação. (Com Agência Brasil)

fonte - folha de londrina


Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local
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