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A receita dos campeões Cruzeiro e Atlético Mineiro.



É GALO Os jogadores  do Atlético comemoram a conquista da Copa do Brasil (Foto: Gustavo Theza /Brazil Photo Press )
É RAPOSA Os jogadores do Cruzeiro jogam para o alto o técnico Marcelo Oliveira, depois da conquista do Brasileirão (Foto: Gustavo Theza /Brazil Photo Press )
Nunca foi tão difícil dormir em Belo Horizonte como na semana passada. Foguetes e rojões compunham a trilha sonora das madrugadas em todos os cantos da capital mineira nos últimos dias. No início da semana, por culpa dos cruzeirenses. Eufóricos com a conquista do quarto Campeonato Brasileiro, o segundo consecutivo, os cruzeirenses comemoraram noites adentro a vitória do Cruzeiro sobre o Goiás. Ela garantiu, no domingo, dia 23, a taça do torneio com duas rodadas de antecedência. Da madrugada da quinta-feira, dia 27, em diante, a festa foi dos atleticanos.
Na noite da quarta-feira, pouco mais de um ano depois de vencer sua primeira Taça Libertadores da América, o Atlético sagrou-se campeão da Copa do Brasil, também pela primeira vez, em cima de seu maior rival. De quebra, impediu que o Cruzeiro repetisse a façanha de 2003 e arrebatasse uma nova tríplice coroa (a conquista do Campeonato Mineiro, do Brasileirão e da Copa do Brasil num mesmo ano). “Os dois clubes nunca estiveram tão bem ao mesmo tempo. Quando um estava por cima, o outro costumava estar por baixo”, diz Nelinho, ex-­lateral direito da Seleção Brasileira, ídolo tanto do Cruzeiro quanto do Galo. O que explica este momento especialmente feliz do futebol mineiro?
Antes da glória da semana passada, o futebol de Minas viveu dias de penúria. Enfraquecidos pela reforma dos dois estádios de Belo Horizonte, o Mineirão e o Independência, ao mesmo tempo, entre 2010 e 2012, Atlético e Cruzeiro passaram a jogar no interior do Estado. Suas receitas com bilheteria despencaram. O desempenho das equipes acompanhou a queda da arrecadação e culminou no quase rebaixamento de ambos para a série B em 2011. Com a volta do Independência, no meio de 2012, e do Mineirão, no início de 2013, as diretorias de Atlético e Cruzeiro passaram a ousar nas contratações, mesmo tendo menos recursos que os grandes clubes paulistas e cariocas. “A falta de dinheiro faz com que os diretores se aperfeiçoem. Quando você tem mais dinheiro, se preocupa menos com alguns requisitos e acaba errando”, diz Nelinho.
Com times mais competitivos em campo, as torcidas se empolgaram, e as receitas aumentaram a partir do ano passado. O programa de sócio-torcedor do Cruzeiro foi o que mais cresceu em 2013 no país. O Cruzeiro conta hoje com quase 70 mil sócios e se tornou o terceiro com mais adeptos no Brasil. A campanha vitoriosa do Atlético na Libertadores de 2013 e a venda do atacante Bernard para o futebol da Ucrânia levaram o time ao seleto grupo de clubes brasileiros que arrecadam mais de R$ 200 milhões por temporada. “É bem provável que o Cruzeiro também chegue a esse grupo em 2014. Dependerá da venda de atletas. Ambos deverão se consolidar acima desse patamar”, diz Amir Somoggi, especialista em administração e auditoria esportiva.
O sucesso de Cruzeiro e Atlético no campo também contribuiu para o crescimento das receitas com televisão. Em 2014, os clubes mineiros só venderam menos pacotes pay-per-view que Corinthians e Flamengo, donos das duas maiores torcidas do país. Ficaram à frente de clubes com torcidas mais numerosas como São Paulo, Palmeiras e Vasco. O bom desempenho nos pacotes de TV paga ajudou os clubes a bancar seus caros elencos, já que eles recebem menos que alguns paulistas e cariocas pelos direitos de transmissão da TV aberta. “Atlético e Cruzeiro faturam incomparavelmente menos que Corinthians ou Flamengo, mas são muito mais eficientes”, diz Somoggi.
Toda essa melhoria no cenário das finanças e nos campos foi ampliada pela excelente estrutura de Cruzeiro e Atlético. Uma pesquisa em parceria da Universidade Federal de Viçosa com o canal SporTV, em 2010, colocou os centros de treinamento de Atlético e Cruzeiro em primeiro e terceiro lugar, respectivamente, no ranking dos melhores do país. Com grandes elencos, boas estruturas e receitas em alta, o desafio da dupla mineira é manter o ritmo de conquistas nos próximos anos, para tentar diminuir a distância entre suas arrecadações e as dos grandes clubes de São Paulo e Rio de Janeiro.
Fonte: Época
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