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Aparência do candidato ainda conta para recrutadores

Mercado é restrito para profissionais bonitos, que usam piercings ou possuem tatuagens em locais aparentes

Ricarado Chicarelli
"A maioria dos meus colegas também escolhe esconder os desenhos, pensando na tradição da profissão", conta o médico Vinícius Menegazzo
Beleza excessiva, cabelo colorido, alargador de furo ou tatuagem aparente. O que pode limitar ou restringir a contratação de um candidato no mercado de trabalho? Uma pesquisa feita em 2011 pelo Centro de Excelência Profissional da Faculdade York, nos Estados Unidos, mostrou que um candidato com tatuagem aparente, por exemplo, tem chance até 57% menor de ser contratado, segundo os gerentes de recursos humanos entrevistados. Já uma pesquisa recente feita pela empresa de recrutamento Elancers, aqui no Brasil, revelou que 46% dos recrutadores evitam contratar pessoas "muito bonitas" para vagas disponíveis nas suas empresas, citando ser, entre outros motivos, um "fator de distração no trabalho".

Para a consultora empresarial e coach Simone Nascif, a questão da aparência ainda é polêmica, mas a tendência está mudando, principalmente em relação à "tolerância" dos gestores com candidatos que usam piercings ou possuem tatuagens em locais aparentes - apesar de ainda ser um mercado restrito. "Hoje as áreas que mais contratam candidatos com estilo alternativo são comunicação, publicidade, criação, artes, ou mesmo em empresas que possuem essas áreas e o funcionário não terá contato direto com os clientes".

Para a consultora, a justificativa da maioria das empresas sobre não aceitar tatuagens, piercings ou mesmo cabelo colorido não é o adereço em si, mas a "mensagem" que eles vão passar para os clientes da corporação. "Se você tem uma imagem sacra aparente, é uma coisa, já uma caveira, é outra. Ainda existe preconceito com alguns desenhos, e os gestores se preocupam com essa mensagem porque o cliente pode ser conservador, tradicional. Algumas empresas têm no manual do funcionário essas proibições, como deixar a tatuagem escondida ou os homens terem que tirar o brinco dentro do ambiente de trabalho, por exemplo."

Para ela, os jovens que pretendem ingressar nas carreiras de saúde, jurídica ou economia ainda precisam pensar muito bem antes de comprometer a aparência permanentemente. "Não é uma questão de preconceito. A empresa tem o direito de ter padrão de vestimenta e adereços para os funcionários. O que os jovens precisam entender é que eles precisam se adequar ao padrão da empresa, e não ao contrário". E é muito importante, segundo ela, não mentir para o recrutador. "Se você tem uma tatuagem no antebraço e na entrevista está usando camisa de manga longa, você precisa ser claro com o gestor e perguntar as políticas da empresa quanto a isso. Pode até ser que você só trabalhe de manga comprida, e então tudo bem. Mas isso precisa ser considerado e avisado."

Já em relação à beleza dos candidatos, principalmente mulheres, ela garante que já teve que aconselhar clientes a ficarem mais "sóbrias" durante a entrevista de emprego. "Já tive clientes belíssimas que tiveram que colocar óculos, prender cabelo, para amenizar a aparência, por conta desse preconceito com a mulher muito bonita". Já quando o estilo do jovem é muito "alternativo", ela pode sugerir cortar o cabelo, retirar os adereços ou esconder a tatuagem. "Mas o mais adequado é pensar nisso antes de começar a busca por emprego: ‘Sua aparência é positiva para a área que quer ingressar?’ ‘A área que escolheu é mais fechada?’ Enfim é preciso adequar sua aparência à sua realidade", finaliza.
Paula Barbosa Ocanha
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA
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