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Hidrelétricas do PR têm nível dos reservatórios menor que em 2001

Com base em dados de dezembro de 2014, volume hídrico de quatro unidades no Estado está mais baixo que há 13 anos

Carlos Borba/Copel
Usina de Salto Caxias, no rio Iguaçu: nível do reservatório caiu de 83,36% em 2001 para 31,24% no final de 2014
A maior parte dos reservatórios das grandes hidrelétricas do Paraná está com um nível de água menor do que o registrado em 2001, ano em que o país enfrentou um racionamento de energia. Quatro das seis usinas que possuem potência instalada acima de 100 MW estão com os reservatórios em níveis inferiores comparando os períodos de dezembro de 2001 com dezembro de 2014, último mês com dados fechados disponíveis no Operador Nacional do Sistema (ONS) e na Companhia Paranaense de Energia (Copel).

Foz do Areia também conhecida como Bento Munhoz da Rocha Neto, no rio Iguaçu com 1.676 MW de potência instalada, estava com o reservatório em 84,61% em dezembro de 2001 e, no mês passado, o percentual era de 50,25%. Salto Santiago, também no rio Iguaçu com 1332 MW de potência, que tinha o reservatório em 83,56% no final do ano de 2001, estava em 56,85% no último mês de dezembro. Salto Caxias, no rio Iguaçu e com potência de 1240 MW saiu da condição de 83,36% para 31,24%, respectivamente. E Capivari também chamada de Governador Parigot de Souza no rio Capivari com 260 MW passou de 80,23% para 36,51% no período.

Segredo e Salto Osório, ambas no rio Iguaçu, e com potências de 1260 MW e 1050 MW respectivamente, estão com níveis acima dos de 2001 com 42,54% e 93,72%. Há ainda entre as principais, três usinas que foram inauguradas depois de 2001: Santa Clara (120 MW) no rio Jordão está com 33,80%, Fundão (120 MW) também no rio Jordão está com 95,34% e Mauá (361 MW) com 73,89%, no rio Tibagi.

Na Região Sul a situação também é semelhante à do Estado. Segundo dados do ONS, em dezembro de 2001, os principais reservatórios estavam com 82,69% da capacidade e, em dezembro de 2014 com 57,40%. Ainda, segundo um levantamento do boletim do ONS, de 19 principais reservatórios de todas as regiões do Brasil, 15 enfrentam problemas com a estiagem na mesma comparação de dezembro de 2014 com o mesmo mês de 2001.

Ontem, o ONS apontava que as piores situações eram no Sudeste/Centro-Oeste (17,28%) e no Nordeste (17,13%). A região Norte estava com os reservatórios em 34,90% e o Sul em 66,43%.

Segundo o especialista em planejamento e operação de sistemas elétricos de potência, Niromar Alves de Rezende, o Paraná corre o mesmo risco energético do restante do País, mesmo com os reservatórios em condições melhor que os do Sudeste/Centro-Oeste. "O risco do sistema interligado é compartilhado. Não tem uma região boa ou ruim", disse. "O risco é um só. É do sistema como um todo", explicou.

O sistema elétrico no País é todo interligado. Isso significa que a energia produzida no Paraná pode ser enviada para outros estados e, quando o Estado tem necessidade, também pode trazer energia de outras regiões. Segundo ele, hoje a condição hídrica do Paraná é relativamente confortável mas, como o sistema é um só, o Estado compartilha o risco com o restante do País. De acordo com ele, num período de poucas chuvas, como agora, reservatórios que estão abaixo de 30% já são considerados preocupantes caso chova muito pouco em fevereiro e março.

O diretor da Enercons Consultoria em Energia, Ivo Pugnaloni, explicou que o risco de apagões no Paraná é motivado muito mais pelo que acontece nas principais usinas da região Sudeste do que pelo que ocorre no Estado. "O nosso risco é compartilhado", confirma ele. Pugnaloni lembrou ainda que o Paraná só não entrou no racionamento de 2001 porque não tinha linhas de transmissão suficientes para enviar energia para o restante do País, mas hoje já possui essa capacidade.

Segundo ele, a situação hídrica do Estado hoje até não é ruim, mas o problema é que o Estado faz parte de um "condomínio" chamado sistema interligado. Ele também não descarta que o Paraná corra o risco de entrar num possível racionamento como foi mencionado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, na última quinta-feira. Braga disse que o racionamento pode ser decretado caso o nível dos reservatórios chegue ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%.




Andréa Bertoldi
Reportagem Local-folha de londrina

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