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José Eduardo, um vencedor

Empresário, político e produtor rural, ele deixa sua marca de confiança no potencial das pessoas e do Paraná

Arquivo FOLHA
"Considero-me, abstraída a vaidade que todos nós temos, um vencedor em tudo que me propus a fazer"
A manhã deste 1o de fevereiro ficou marcada pela morte de José Eduardo de Andrade Vieira. O óbito foi registrado às 6h50 em Londrina, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele estava internado no Hospital Evangélico desde o dia 13 de janeiro para tratamento de uma pneumonia. O corpo está sendo velado no Crematorium Londrina, na Rodovia Carlos João Strass, km 6, e a cerimônia de cremação será realizada nesta manhã, às 11h30.

Aos 76 anos, o empresário, ex-senador e ex-ministro deixa sete filhos: Germano, Edson Luís, Alessandra, Tânia, Juliana, Cláudio e Alexandre, e uma grande história a ser contada. O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff decretou luto oficial por três dias. "Foi um dos cidadãos mais ilustres de Londrina. É uma perda muito importante, se trata de um personagem da história da República", disse.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, foi feito um minuto de silêncio no início da sessão para posse dos deputados estaduais. No Congresso Nacional, deputados federais que conviveram com Vieira também lamentaram sua morte. "Tenho as palavras de maior respeito e elogio à figura dele como empresário firme da iniciativa privada, homem público e depois proprietário de um jornal", afirmou Luiz Carlos Hauly. Marcelo Belinati (PP) reforçou que Vieira "foi um homem que dedicou a vida à atividade empresarial e política e que sempre representou muito bem os paranaenses".

Entre os familiares, o momento é bastante difícil. "É uma grande perda, mas também um momento de agradecer a oportunidade de ter compartilhado com seu Zé, uma pessoa que conservou sempre seus princípios. Falo hoje pelos filhos, do orgulho de tê-lo como patriarca, mas também como um ser humano de simplicidade admirável. Apesar de todo poder e capacidade que ele tinha, era uma pessoa muito simples, com pé no chão e acho que essa é uma das principais virtudes do ser humano. Como profissional, sempre quis trabalhar por um Paraná e um Brasil melhor. Um empresário que nos ensinou que é preciso trabalhar muito, mas com valores bem claros. O melhor que temos agora é honrar sua vida buscando perpetuar o legado que deixou", declarou o diretor do Grupo Folha de Comunicação, José Nicolás Mejia.

INQUIETO E OUSADO

"Considero-me, abstraída a vaidade que todos nós temos, um vencedor em tudo que me propus a fazer". Com esta frase, José Eduardo de Andrade Vieira resume seu desempenho como empresário, banqueiro ou político, em uma entrevista exclusiva concedida ao jornal Valor Econômico, em maio de 2012, depois do acordo em que o Fundo Garantidor de Crédito se comprometeu com o Ministério Público do Paraná a pagar todos os credores da massa falida do banco Bamerindus, do qual era presidente. O desfecho, que desbloqueou seus bens e "limpou" o seu nome, 15 anos após a intervenção do banco, foi resumido por ele, nessa mesma entrevista, como um resultado muito bom, "porque mostra que, mesmo com o absurdo que foi feito com a intervenção, o banco não estava quebrado, tinha recursos e patrimônio".

Mas quem foi José Eduardo, que tornou-se conhecido nacionalmente como o "Zé do Chapéu", devido ao acessório usado durante sua campanha para o Senado, em 1990? Ele nasceu em Tomazina, no Norte Pioneiro, em 30 de dezembro de 1938. Filho de Maria José Andrade Vieira e Avelino Antônio Vieira, fundador do Bamerindus. Formado em Administração de Empresas, ele assumiu a presidência do Banco em 1981, após a morte de dois irmãos em um acidente de avião. Empreendedor, em pouco tempo ele elevou o banco ao terceiro lugar entre as instituições privadas do País, sem nunca deixar de lado a raiz paranaense do Bamerindus.

José Eduardo carregava com ele também um gene político, herdado do pai, Avelino Vieira - que foi prefeito de Tomazina, no Norte Pioneiro, por 15 anos. Além da atuação no Senado Federal, foi ministro de duas pastas: Indústria, do Comércio e do Turismo; e da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária.

Inquieto e ousado, José Eduardo viu oportunidades também no mercado da comunicação. Em 1992, entrou como sócio desta Folha de Londrina e, ao deixar o Senado em 1999, assumiu o comando do jornal, como superintendente. Aqui apostou em inovações, pedindo a produção de textos curtos, de fácil leitura e de interesse público. Uma de suas principais defesas, que declarou em entrevista à revista Ideias, em dezembro de 2004, foi de que o jornal deveria manter preço acessível ao leitor nas bancas.

Sempre ao analisar o efeito da internet sobre o jornal impresso, defendia que, além de publicar as matérias divulgadas pelos meios mais imediatos, a FOLHA deveria ter textos que a colocasse mais próxima do leitor. E é essa a linha editorial que cada profissional desta empresa segue.

Sua postura direta e objetiva rendeu-lhe alguns desafetos, mas também muitos admiradores. Especialmente por jamais perder a confiança no potencial da pessoas.

Na sua casa, ele sempre manteve a Bíblia aberta no Salmo 91, expressando também sua fé na proteção e providência divina: "Mil cairão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido"!

Amém. Descanse em paz!





FOLHA DE LONDRINA
Célia Guerra e Micaela Orikasa
Reportagem Local
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