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Classe C põe o pé no freio

Pesquisa aponta que quase metade dessa população está cortando gastos em supermercados; setor espera crescimento tímido nas vendas

Anderson Coelho/14-01-2015
Reduzir o número de vezes que vai ao supermercado, substituir marcas e deixar de comprar alguns itens são medidas já adotadas por essa camada da população
Curitiba - A classe C, que foi o segmento da população que alimentou o crescimento do comércio nos últimos anos, agora colocou o pé no freio e está tentando segurar mais o dinheiro no bolso. Com isso, um dos setores que será afetado neste ano é o supermercadista. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular mostrou que os brasileiros da classe C não conseguem mais levar para a casa a mesma quantidade de produtos que compravam no supermercado há seis meses. O estudo mostra que 47% dos brasileiros da classe C disseram que estão comprando menos produtos no supermercado comparando com os últimos seis meses. Já 41% afirmaram que compram a mesma quantidade e 12% disseram que estão comprando mais.

"A classe C está apreensiva com a atual situação econômica do País e preocupada com o aumento dos preços e a estagnação da renda. Por isso, já prevê que as compras no supermercado devem ficar mais criteriosas", analisa Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

A pesquisa também quis saber se nos próximos seis meses, pensando na condição financeira atual, os brasileiros da classe C esperam comprar mais ou menos no supermercado. O resultado mostra que 45% dos entrevistados disseram que devem comprar menos produtos no supermercado, 36% afirmaram que vão comprar a mesma quantidade e 19% acreditam que vão comprar mais.

A pesquisa quantitativa nacional foi feita entre os dias 18 e 29 de janeiro, com 3.050 pessoas – recorte classe C 1.603 entrevistas, em 150 cidades de todo o Brasil. A margem de erro máxima é de 1,77% para um intervalo de confiança de 95%.

Uma outra pesquisa realizada pela Nielsen mostrou ainda que a classe C gasta 15% mais do que ganha. A renda média mensal é de R$ 2.924 e os gastos atingem R$ 3.116, com o uso de crédito.

O superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris, afirma que o ano de 2014 já foi ruim quando o setor teve crescimento real de vendas de 2% no Brasil. Os dados do Paraná do ano passado ainda não foram divulgados, mas ele acredita que fiquem um pouco abaixo do Brasil. Segundo ele, 2014 teve o efeito da Copa do Mundo que deixou parte da renda das classes C e B comprometida com passagens aéreas, hotéis, ingressos para os jogos do mundial e eletroeletrônicos.

Para este ano, com o encolhimento dos gastos da classe C, a previsão é que as vendas no Estado dos supermercados tenham crescimento real também de apenas 2% a 3%. No entanto, ele ressalta que a classe C é importante para o setor, mesmo reduzindo gastos.

Ele lembrou que, entre os anos de 2010 e 2013, a classe C passou a consumir produtos como iogurte, chocolates, sucos, refrigerantes, mais carnes e produtos prontos ou semiprontos como pizza. Agora, ocorreu a redução desse consumo. Segundo ele, essa camada da população tem feito algumas mudanças de hábitos como diminuir o número de vezes que vai ao supermercado; substituir marcas; comprar embalagens menores da mesma marca e parar de comprar alguns itens.

O setor de supermercados vem numa redução gradativa de vendas. Em 2012, as vendas tiveram crescimento real no Paraná de 10,9%. Em 2013, o crescimento real já foi de 4,9%.
Andréa Bertoldi
Reportagem Local-folha de londrina
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