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Na polícia, 50% dos homens e 33% das mulheres fazem bicos

Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública também apontou que 39% das mulheres policiais afirmaram já ter sofrido assédio dentro da corporação

Anderson Coelho
Pesquisa ouviu mais de 13 mil saervidores das polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal, Bombeiros e guardas municipais em todo o País: bico é ilegal
São Paulo – Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre "As Mulheres nas Instituições Policiais", divulgada ontem, indica que 50% dos homens policiais exercem outra atividade remunerada – o chamado bico, que é ilegal –, enquanto 33,4% das mulheres policiais admitem fazer bico. O estudo, que entrevistou 13.055 servidores das polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária Federal, Bombeiros e guardas municipais de todos os Estados do país, mostra também que a menor parte das mulheres (31,4%) é a favor de cotas para elas nas corporações. Entre os homens, 51,7% são a favor.

Outro dado da pesquisa é que 39,2% das mulheres policiais afirmaram já ter sofrido assédio moral ou sexual dentro das corporações. Esse índice cai para 20,1% entre os homens. O assédio, na maior parte das vezes (em 74,1% dos casos), é praticado por superiores hierárquicos. A pesquisa foi feita em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), ligada ao Ministério da Justiça, e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

BICOS

Segundo o vice-presidente do fórum e professor da FGV, Renato Sérgio de Lima, o estudo sugere que as mulheres fazem menos bicos que os homens porque estão estudando mais e porque executam mais tarefas domésticas durante o horário de folga. Enquanto 41,7% dos homens disseram sempre fazer tarefas domésticas, 75,7% das mulheres responderam que as fazem sempre. Por outro lado, destaca Lima, elas estão "mais autônomas em relação à casa" do que os homens: a maioria é solteira ou divorciada e não tem filhos. Quanto à escolaridade, 76,8% das mulheres disseram ter ensino superior completo ou pós-graduação. Entre os homens, são 56,7%. "Olhando para os dados de uma mulher mais autônoma, eu poderia dizer que a mulher está se escolarizando mais, aproveitando esse tempo [livre] para fazer cursos, faculdade", afirma Lima. "Acho que isso é um perfil da própria sociedade. As mulheres em geral estão com escolaridade maior do que os homens", analisa.

COTAS

A maioria das policiais é contra as cotas – como as que existem em Estados como Bahia e Santa Catarina, que destinam de 7% a 10% das vagas a mulheres – porque elas restringem a entrada feminina. "Se, por um lado, as cotas garantem a participação, por outro, limitam a quantidade de vagas. Engessam a corporação para serem predominantemente masculinas", diz o pesquisador. "Ainda tem Estados em que, se houver um capitão e uma capitã em um local, é ela que vai ter de servir café ao coronel."
Reynaldo Turollo Jr.
Folhapress-FOLHA DE LONDRINA
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