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Crise entre PM e Sesp pressiona Beto Richa

Carta de repúdio endossada por 15 coronéis contra declarações de Franchiscini deixa governador em situação delicada: demite secretário ou desagrada militares

Theo Marques/15-12-2014
Em nota à imprensa, Fernando Francischini afirma que foi "mal interpretado" e garante que recebeu "apoio das principais entidades de segurança pública do Estado e do País"
Curitiba – Dois dias após o secretário de Segurança Pública do Paraná (Sesp), Fernando Francischini, negar publicamente que tenha sido o responsável pela operação no Centro Cívico que deixou mais de 200 feridos, no último dia 29 de abril, o Comando da Polícia Militar do Paraná (PMPR) divulgou carta de repúdio às declarações do secretário (leia texto nesta página), aumentando ainda mais a pressão sobre o governo Beto Richa (PSDB).

Após diversos boatos sobre trocas no primeiro escalão do Executivo nos últimos dias, a saída do coronel César Vinicius Kogut, comandante-geral da corporação era dada como certa. Entretanto, a manifestação, endossada por outros 15 coronéis da PM, colocou o governador em uma situação delicada: mantém o secretário de Segurança mesmo com uma imagem desgastada frente à corporação ou muda o comando da Pasta, atendendo a pedidos de alguns de seus aliados?

Francischini se reuniu ontem pela manhã com o governador para discutir a repercussão do confronto e tentar se manter o cargo. Ao final do encontro, o panorama para ele era otimista, mas após a divulgação da carta da PM, no início da tarde, a situação mudou. O governo do Estado não se manifestou oficialmente se vai ocorrer ou não alguma troca na Segurança.

`MAL INTERPRETADO´

A Sesp enviou nota à imprensa em que Francischini afirma que foi "mal interpretado" durante a entrevista. "Pela representatividade das manifestações de apoio que recebi das principais entidades que representam os profissionais de segurança pública do nosso Estado e do País, vejo que estamos no caminho certo no combate à criminalidade. Contudo, espero que os coronéis compreendam que fui mal interpretado em alguns pontos de uma entrevista. Por isso, reafirmo meu total apoio a todas as operações da Polícia Militar, compartilhando todas as responsabilidades inerentes à Secretaria."

REPERCUSSÃO

Para o líder do governo na Assembleia Legislativa (AL), Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), está criado um impasse complexo. "O secretário declarou que não comandou a operação, os coronéis estão afirmando o contrário. É uma situação inusitada e, de fato, o governador vai ter que tomar decisões em relação a esta questão. Acho que a gente tem que superar esta fase porque temos outros desafios no Estado", disse. Romanelli completou dizendo que o Ministério Público, que já está apurando as responsabilidades que levaram ao confronto que completou uma semana ontem, "é a melhor instituição para fazer uma apuração de uma forma isenta".

Já Requião Filho (PMDB) disse que estão tentando colocar a culpa de toda a ação desastrosa somente na Polícia Militar. Ele também informou que além do comando da PM, a Associação dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Paraná (Assofepar) também se manifestou contra as declarações do secretário de Segurança. "Na nota eles usam um termo interessante: que se a parede da casa está torta, a culpa é do engenheiro e do mestre de obras muito mais do que as ferramentas. A polícia foi apenas uma ferramenta usada de forma política pelo atual governo", criticou.
Rubens Chueire Jr.
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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