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Homicídios culposos no trânsito voltam a subir em Londrina

De janeiro a março de 2015, cidade registrou 20 casos, nove a mais do que os contabilizados em todo o ano de 2014

Marcos Zanutto - 10/07/2015
Especialista em Gestão do Trânsito defende fiscalização e campanhas educativas para reduzir acidentes no perímetro urbano
 
Curitiba – Depois de registrar uma redução de 87% no número de homicídios culposos (sem a intenção de matar) no trânsito em 2014, Londrina voltou a apresentar índices negativos. Conforme o Relatório Estatístico Criminal, divulgado no início de julho pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) do Paraná, 20 pessoas morreram na cidade entre janeiro e março de 2015 em decorrência de acidentes dessa natureza, nove a mais do que nos 12 meses anteriores. Em comparação com os oito óbitos do mesmo período do ano passado, o aumento foi de 150%.

O levantamento considera somente os casos em que o motorista foi o responsável pela ocorrência e em que houve a abertura de inquérito para investigar o suposto crime. Não entram na conta, por exemplo, situações como batidas em postes, ainda que sejam resultado de alcoolemia. As estatísticas são baseadas em informações de vias públicas urbanas e de estradas estaduais ou federais. Foram levados em consideração os dados fornecidos tanto pelos órgãos de trânsito municipais como pelas Polícias Rodoviárias Estadual (PRE) e Federal (PRF).

Em todo o Estado, a Sesp contabilizou 349 homicídios culposos de janeiro a março, uma diminuição de 13,1% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. A maioria deles aconteceu na capital (46, contra 38 no período anterior, isto é, uma queda de 21%). Entre os municípios mais populosos destacam-se, ainda, Maringá (18 contra 9), Umuarama (15 contra 12), Ponta Grossa (15 contra 30, alta de 100%), Foz do Iguaçu (10 contra 14) e Cascavel (13 contra 16). Na outra ponta, Guarapuava, que nos três primeiros meses de 2014 apresentou 12 mortes do tipo, desta vez não registrou nenhuma.

PLANEJAMENTO

De acordo com o major da reserva Sérgio Dalben, que atuou por dez anos no 5º Batalhão da Polícia Militar (PM), em Londrina, as taxas da cidade são resultado de uma falta de planejamento a longo prazo. Especialista em Gestão do Trânsito pelo Centro Universitário Cesumar (Cesumar), ele disse ser necessário fazer um acompanhamento durante um tempo maior, para verificar se a queda em um ano é realmente uma tendência ou se é fruto de vários outros fatores, como chuva e até mesmo sorte. "Você dizer que uma frase solta numa propaganda - ‘Reduza a Velocidade’ - vai mudar o comportamento dos motoristas me parece oportunismo. Se o dado do ano passado destoava, por que nesse ano então aumentou?", questionou.

Há quatro meses, quando foram fechados os números de 2014, o capitão Ricardo Eguedis, porta-voz do 5º BPM, atribuiu o bom resultado do município justamente a uma fiscalização mais reforçada, aliada ao trabalho conjunto entre os diferentes órgãos de segurança. Para Dalben, a verdade é que o poder público, de uma forma geral, tem sido omisso. "Além da fiscalização, é preciso haver a parte educativa. Não se pode considerar uma semana em setembro (do Dia Nacional do Trânsito) e outra em maio, o ‘mês amarelo’, como salvação da pátria", opinou. A FOLHA procurou a PM ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição.
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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