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40% das mulheres não fazem exame de mamografia no País

Apesar do câncer de mama ser o mais letal entre as mulheres, Brasil ainda não atingiu a meta de 80% preconizada pela OMS

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Regional da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) estima que aproximadamente 35% das paranaenses não realizam a mamografia
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem que 40% das brasileiras entre 50 e 69 anos não realizaram exames de mamografias nos últimos dois anos. O levantamento integra o amplo estudo da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, que ainda elenca dados sobre deficiência física, obesidade, saúde dos idosos e das crianças com até 2 anos. Na Região Sul, 64,5% das mulheres passaram pelo exame preventivo de mamografia, número que fica abaixo dos 80% recomendado pelo Organização Mundial de Saúde (OMS).

O secretário adjunto da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o médico Fábio Mansani, calcula que aproximadamente 35% das paranaenses não realizam a mamografia, seguindo a tendência da Região Sul. "A percepção inicial com resultado da pesquisa é que houve um aumento no número de mulheres atendidas, mas ainda é necessário atingir a meta de 80%", alertou. Além do acesso ao exame, ele lembrou que a SBM também acompanha no Estado a qualidade das mamografias realizadas. "O diagnóstico incorreto pode provocar uma falsa sensação de que está tudo bem com a paciente", alertou.

De acordo com Mansani, o Paraná possui aproximadamente 60 mamógrafos, o que é considerado suficiente para atendimento da população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. No entanto, a má distribuição ainda pode ser um obstáculo para o acesso ao exame, principalmente no interior. "Como em outros estados, os mamógrafos são centralizados nas capitais e nas grandes cidades, o que dificulta a realização dos exames nos pequenos municípios. Algumas vezes, a distância é superior a 60 quilômetros preconizados pelo Ministério da Saúde", explicou. O médico também ressaltou que o índice de cura do câncer de mama é de até 95% quando o rastreamento é feito de maneira precoce por meio da mamografia. Já a descoberta na fase dos sintomas diminui as chances de tratamento bem sucedido para 75%.

Colo do útero

Segundo a pesquisa do IBGE, 79,4% das brasileiras realizaram o exame de prevenção ao câncer do colo do útero, sendo que a Região Sul atingiu 83% de cobertura, a maior registrada no País pelo levantamento. O índice recomendado pela OMS é de 70%. Mansani esclareceu que o papanicolau é um exame mais barato, que pode ser feito em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), ao contrário da mamografia, que depende de equipamentos e de profissionais especializados para atendimento da paciente e emissão do laudo. "Cada mamografia tem o custo de 20 exames papanicolau", acrescentou.

Em nota divulgada na tarde de ontem, o presidente da SBM, Ruffo de Freitas Júnior, afirmou que é necessário melhorar os índices de exames de mamografia para atingir a meta mínima da OMS para "reduzir a mortalidade por câncer de mama não só em alguns estados, mas em todo o País." A SBM ainda recomenda a realização da mamografia anualmente para as mulheres a partir dos 40 anos de idade.

Busca pelas pacientes

O oncologista e mastologista José Clemente Linhares, do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), informou que 30% dos casos são registrados entre 40 e 50 anos e lembrou que o tumor nas mamas é o tipo de câncer com maior número de mortes entre as mulheres, seguido do câncer do colo do útero.

O diagnóstico precoce, além de aumentar as chances de cura, também possibilita o tratamento com medidas menos intensas, dependendo do tamanho da lesão, esclareceu o especialista. "O exame clínico e o autoexame são importantes, mas o objetivo da mamografia é detectar a lesão antes dela se tornar palpável", explicou.

Linhares também defendeu que as pacientes sejam convidadas a realizar a prevenção nos postos de saúde, mesmo quando o motivo da visita à unidade seja por outros problemas de saúde. "Se a mulher foi na UBS por causa da diabetes, controle de pressão ou para levar o filho no pediatra, ela pode ser incentivada e a mamografia pode ser agendada para realização no local que oferece o exame com os mamógrafos", afirmou. Já os convênios de saúde podem enviar cartas para lembrar da necessidade do preventivo da paciente. "Em Curitiba, temos o exemplo de uma carreta do Sesi equipada com mamógrafos que realizam exames no local de trabalho das mulheres. A pesquisa é um alerta e são necessários outros meios para buscar as pacientes, além das campanhas de conscientização e divulgação", acrescentou.
Rafael Fantin
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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