[Fechar]

Últimas notícias

Entidades repudiam agressão de deputado a repórter de TV

Sindicato dos Jornalistas e OAB classificam postura de Edson Praczyk como machista e de falta de respeito

Sandro Nascimento/Alep
"A língua portuguesa tem dessas ‘peças’, uma palavra pode ter diversos significados", esquivou-se ontem Praczyk, ao justificar insinuações feitas a jornalista
Os comentários ofensivos do deputado Edson Praczyk (PRB) dirigidos à repórter Paola Manfroi da RPC TV, afiliada da Rede Globo, fizeram entidades se manifestarem contrárias à atitude do parlamentar. Na última segunda-feira, o deputado utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa (AL) para falar sobre a decisão da Justiça que determinou o bloqueio de R$ 308 mil de suas contas bancárias e também do assessor legislativo Luiz Alberto Lima.

Uma ação civil do Ministério Público investiga desvios de salários de uma professora contratada no gabinete do deputado, entre 2001 e 2005. O MP apurou que os salários da mulher caíram direto na conta de Luiz Alberto Lima. Praczyk criticou a divulgação de matérias.

"Como um processo do Ministério Público que corre em segredo de Justiça chegou ao conhecimento de uma jornalista e eu que faço parte do processo não conhecia?", questionou ele anteontem . E completou: "O que essa jornalista deu para conseguir estas informações privilegiadas? Como que conseguiu isso se eu nem sabia que tinham embargado, bloqueado, minha conta bancária, como pode? Se este processo é restrito, como a jornalista sabia de algo antes que eu".

A diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), Ednubia Ghisi, classificou a postura do deputado como machista e que mostrou a falta de respeito com a jornalista. "É inadmissível ter essa postura num espaço público", disse. Para ela, o deputado utilizou a figura de poder e aproveitou do espaço para agredir uma mulher em relação a sua vida sexual. Ednubia disse que a atitude foi um abuso de poder. "O deputado não teria feito esse apelo se fosse um jornalista homem. Fez isso para tirar o foco da denúncia."

"Infelizmente, não é a primeira vez que ocorrem discursos carregados de violência de gênero. Isso desqualificou o trabalho jornalístico e atacou (a profissional) enquanto mulher", disse a consultora de mídia e gênero da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil, regional Paraná, Vanessa Prateano. "Foi falta de decoro. O deputado se valeu do machismo", afirmou.

Para o líder da oposição, deputado Tadeu Veneri (PT), a afirmação feita contra a jornalista foi injusta. O líder do Governo na AL, Luiz Cláudio Romanelli, disse que a Casa e os parlamentares respeitam a imprensa e o direito à informação de todos.

"Longe de mim ser interpretado como tendo utilizado um termo pejorativo, até porque a língua portuguesa tem dessas ‘peças’, uma palavra pode ter diversos significados. E pode se expressar diversas coisas com uma palavra única. Sou parlamentar e tenho que falar em termos oficiais", afirmou Praczyk.
Andréa Bertoldi
Reportagem Local-folha de londrina
UA-102978914-2