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Invasão preocupa futuros moradores na cidade de Jataízinho

Portas de casas de conjunto habitacional foram arrombadas; proprietários dos imóveis apressam mudança para evitar novas ocupações

Fotos: Lis Sayuri
"Esta casa é um sonho para mim. Ninguém pode tirar esse sonho de mim", destacou o pedreiro Antônio Severiano da Silva
Jataizinho - Futuros moradores de conjunto habitacional de Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina) se mobilizam para evitar invasões de casas que ainda estão em obras. A ação foi necessária depois de uma ocupação irregular dos imóveis em construção em uma região conhecida como Pombal. A invasão ocorreu entre a noite de quinta-feira e a madrugada de ontem. Os futuros moradores irão pernoitar nos imóveis inacabados até terça-feira, pelo menos até que a prefeitura, Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e a construtora encontrem uma solução melhor para evitar a ocupação por pessoas que não são beneficiárias do programa voltado para pessoas em situação de risco.

Na tarde de ontem o tapeceiro Danilo de Oliveira Cavalcanti, de 18 anos, foi um dos primeiros a pegar a chave da casa contemplada no nome da mãe dele. "Ela não pode sair do trabalho e pediu para que eu viesse. Moramos de favor na casa de um amigo e estamos esperando há anos que essa casa seja entregue", afirmou. Ele destacou que irá levar um colchão, água, vela e mantimentos para pernoitar na casa para que ninguém ouse entrar na casa novamente. "Não pode acontecer nada de errado aqui", ressaltou.

O pedreiro Antônio Severiano da Silva, de 50 anos, afirmou que, além do colchão, irá levar a sua cama. "Dormir no chão não dá", apontou. Na tarde de ontem ele pegou a enxada e começou a remover as ervas daninhas do quintal e do jardim e também varreu a área interna. "Esta casa é um sonho para mim. Hoje pago R$ 250 de aluguel. Ninguém pode tirar esse sonho de mim", destacou.

As casas estão sendo construídas em parceria entre a Cohapar e a administração municipal local, que investiram um total de R$ 1,2 milhão para construir 40 casas.

O secretário de Obras do município, Eric Bruno da Silva, informa que a entrega antecipada das chaves foi uma solução paliativa, mas foi o que a prefeitura pôde realizar para que não houvesse mais depredação, já que 90% da obra estão concluídos. "Na última reunião com a Cohapar o prazo estabelecido para a entrega da obra era até o fim de agosto", afirmou Silva. A obra está em execução há dois aos e meio e era para ter sido entregue no início do ano, mas por falta de repasses, foi executada em um ritmo mais lento.

A assessoria de imprensa da Cohapar informou que o atraso na entrega da obra ocorreu por falta de repasse de recursos federais. Sobre a ocupação, o secretário de obras afirmou que registrou boletim de ocorrência e vai avaliar se entra com uma ação contra os invasores.

OCUPAÇÃO
A ocupação irregular aconteceu por volta das 22h30 de quinta-feira e se estendeu até as 2 horas da madrugada de ontem. Segundo o empreiteiro da construtora que realiza a obra, Arlindo Moraes de Almeida, as pessoas começaram a derrubar as portas com marretas e machados. Ele calcula que entre 10 e 15 pessoas conseguiram arrombar as portas de pelo menos 14 casas, que ainda nem foram finalizadas e ainda estão sem luz, água ou esgoto. "Quando eles começaram, eu saí de perto e chamei a polícia. Fiquei observando de longe porque era muito perigoso ficar por lá", afirmou Almeida. Ele afirmou que muitas das casas arrombadas eram utilizadas para guardar o material de construção utilizado na edificação do conjunto.

"Eu fiquei muito nervoso e com medo. Nunca tinha visto algo assim. Eles não gritavam e nem falavam nada. Só se ouvia a pancada deles quebrando as portas", revelou. Ele destacou que o grupo era formado por homens e mulheres.

Conforme as pessoas iam ocupando as casas, acendiam velas em frente de cada porta. "Eles ficaram por lá das 22h30 até a meia-noite. Foi quando a polícia chegou e pediu para eles desocuparem as casas, mas até todos saírem demorou até 2 horas da madrugada", relatou o empreiteiro. Almeida relata que permaneceu acordado a noite toda.
Vítor Ogawa-FOLHA DE LONDRINA
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