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Movimento quer garantir que ferrovia passe por Londrina

Empresários e políticos buscam manter o corredor original determinado para a Norte-Sul no trecho entre Panorama (SP) e Chapecó (SC)

Saulo Ohara
Para Valter Orsi, a mudança no traçado da ferrovia poderá representar a decadência da economia local
 
Londrina - O mapa abaixo explica por que políticos e empresários de Londrina e região lotaram um ônibus para encontrar o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, dia 21 de agosto, em Curitiba. No estudo de viabilidade do Tramo Sul da Ferrovia Norte-Sul, o corredor branco foi apontado como o mais adequado dos pontos de vista econômico, ambiental e de relevo. O traçado proposto pelo governo (linha escura) coincide com praticamente todo o corredor, desde o Rio Grande do Sul até o Norte do Paraná. Mas, quando chega próximo a Maringá, é desviado, em linha reta, para Panorama (SP), deixando Londrina e Apucarana sem trilhos.

"Nos surpreende que, depois de um estudo que custou cerca de R$ 4 milhões, o traçado seja desviado do leito tido como mais viável", afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi. Ele ressalta que, se confirmado, esse traçado deixará de fora uma das "maiores regiões produtoras de grãos do mundo" e que, a ausência da linha férrea, no futuro, poderá representar a decadência da economia local. "Estamos falando de uma ferrovia que vai interligar todo o Brasil daqui uns 20 anos." Quando concluída, a Norte-Sul ligará Barcarena (PA) a Rio Grande (RS).

Orsi ressalta, no entanto, que o ministro afirmou em Curitiba tratar-se de um estudo preliminar e que o traçado não está definido. Para o empresário, há "motivação política" na proposta que deixa Londrina de fora. "Mas a estrada de ferro tem de passar onde está o PIB (Produto Interno Bruto)", declara ele referindo-se à riqueza econômica da região.

Vice-prefeito de Apucarana, Sebastião Ferreira Martins Júnior é um dos políticos mais engajados no movimento para garantir que a ferrovia Norte-Sul siga o corredor tido como o mais adequado pelo próprio Ministério. "Será uma infraestrutura importantíssima que vai comunicar o Brasil com o Brasil, ligando os mercados produtores aos consumidores", alega. Ele ressalta que o novo modelo de concessão permite que as empresas donas de carga tenham elas mesmas sua frota de vagões e locomotivas "pagando pedágio" à concessionária.

Tendo conversado com o ministro sobre a inclusão da região no projeto, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, afirma que o fator determinante para a definição do traçado da ferrovia será a existência de carga. "Isso nós temos. E o próprio estudo de viabilidade atesta que o corredor que passa por Londrina é baseado nesta questão econômica, entre outros aspectos", explica.

Kireeff conta que, o próximo passo da mobilização dos políticos e do setor privado será uma articulação com os geradores de carga e os operadores logísticos. "O governo federal não tem dinheiro para a obra, que terá de ser custeada pelo setor privado", declara. O prefeito afirma acreditar que a linha férrea passará pela região. "Para mim, seria uma grande surpresa não passar por aqui."

A vice-governadora Cida Borghetti é a responsável pelas articulações do governo estadual com o Ministério dos Transportes. Por meio da assessoria, ela afirmou que avalia o movimento como "uma reivindicação legítima de Londrina, Apucarana, Arapongas e da região". De acordo com Cida, o traçado só será definido depois de estudos mais detalhados e aprofundados, que devem ser feitos em parceria entre o poder público e a iniciativa privada. "Será uma decisão técnica e baseada na viabilidade econômica", declara.

A vice, que é de Maringá, garante que "batalha pelo Paraná como um todo". "Nesse momento estou empenhada em buscar investidores que possam participar da PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) a ser lançada pelo governo federal nos próximos meses."
Nelson Bortolin
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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