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Negociações salariais com alta acima da inflação caem neste ano

Segundo Dieese, 68,5% dos acordos analisados registraram reajustes acima do índice; em 2014 volume foi de 92,7%

ABr
A indústria foi o setor que ofereceu os piores acordos de ajuste salarial no primeiro semestre, com aumento real médio de 0,19%
 
No primeiro semestre de 2015, 68,5% das negociações analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) registraram reajustes salariais acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). No entanto, este percentual é bem menor que os 92,7% que alcançaram esses índices nos seis primeiros meses de 2014.

Em 2015, no período analisado, 16,9% das negociações foram iguais ao INPC (que acumula alta de 9,81% nos últimos 12 meses) contra 4,6% no primeiro semestre do ano passado. Os salários tiveram reajustes abaixo da inflação em 14,6% dos acordos no primeiro semestre contra 2,6% no mesmo período de 2014.

No Paraná, o desempenho foi um pouco melhor. Enquanto no Brasil, 85,4% nos acordos foram acima ou iguais ao INPC, no Paraná, esse percentual chegou a 100%. No Estado, 79,2% das negociações foram acima do INPC contra 68,5% na média nacional. No País, o aumento real médio foi de 0,51% e, no Estado, de 0,71%.

No primeiro semestre, a pesquisa do Dieese analisou 302 negociações trabalhistas. Até o final do ano, esse número deve chegar a 700. É na segunda metade do ano que são concedidos os reajustes na maior parte da negociações de categorias conhecidas por serem organizadas e combativas, como metalúrgicos, bancários e petroleiros.

Para o economista do Dieese, Sandro Silva, o resultado do Paraná foi melhor que a média nacional porque o Estado tem uma economia mais diversificada que ajuda a passar por momentos de desaceleração e crise. "O problema é se não reverter esse cenário de economia no curto e médio prazo", disse Silva.

A indústria, que foi o setor que mais fechou vagas neste ano, também ofereceu os piores acordos de ajuste salarial no primeiro semestre, com aumento real médio de 0,19%. Em 2014, 90,6% das negociações no setor tiveram aumento acima da inflação. Em 2015, essa proporção caiu para 60,9%. Assim, 20,3% dos ajustes ficaram abaixo da inflação, e 18,8% acompanharam o índice. No mesmo período de 2014, a proporção em ambos os casos era de 4,7%.

A queda do poder de compra não ocorreu de forma homogênea no setor. Apenas 47,1% dos acordos na área de vestuário ocorreram acima da inflação, enquanto os metalúrgicos tiveram aumento real em 83,3% dos casos. "O vestuário tem o impacto do câmbio para exportar e para concorrer com os importados no mercado interno. Já o setor metalúrgico é mais organizado e com sindicatos mais fortes", disse Silva.

O segundo pior desempenho foi do setor de serviços, que teve uma média de aumento real de 0,78%. Em 73,6% dos casos, os acordos ficaram acima do INPC. Em 2014, essa proporção era de 94,6%. Assim, 11,6% dos ajustes ficaram abaixo do índice, contra apenas 0,8% em 2014. Ainda neste setor, 14,7% dos acordos acompanharam a inflação contra 4,7% no ano passado.

Com ajustes reais médios de 0,63%, o setor de comércio conseguiu garantir acordos acima da inflação em 75,6% dos casos, percentual bem menor que os 93,3% atingidos no primeiro semestre de 2014. Em 2015, 6,7% dos acordos ficaram abaixo da inflação e 17,8% se igualaram ao INPC.

Silva prevê que as negociações no segundo semestre serão iguais ou um pouco melhores que nos seis primeiros meses do ano. Isso porque, reforça ele, no segundo semestre se concentram os acordos de trabalhadores como bancários, metalúrgicos e petroleiros que têm histórico de sindicatos atuantes e de greves.
Andréa Bertoldi
Reportagem Local-folha de londrina
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