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Brasil corta quase 1 milhão de empregos em 12 meses

No Paraná, no mesmo período, foram fechadas 36 mil vagas de trabalho; indústria e construção civil puxaram resultado

 
O mercado de trabalho formal brasileiro cortou quase 986 mil vagas de carteira assinada nos últimos 12 meses até agosto no Brasil. Só no mês passado, foram cortadas 86.543 vagas e foi o quinto mês consecutivo de fechamento de postos de trabalho. O resultado de agosto foi o pior para o mês desde 1995, quando foram perdidos 117 mil empregos formais.

Das quase 1 milhão de vagas cortadas em 12 meses, a indústria de transformação (-475 mil) e a construção civil (-385 mil) foram responsáveis por 88% das perdas. Em agosto, a indústria de transformação foi a que mais contribuiu para a redução dos empregos formais no País. O setor cortou 48 mil postos. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados de Desempregados (Caged) e foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Já o setor de serviços criou 5 mil vagas em agosto. O comércio cortou 13 mil postos e a construção civil demitiu 25 mil. O setor agrícola cortou 4,4 mil empregos formais no mês. No ano, o emprego formal acumula perda de 573 mil postos de trabalho.

No Paraná, foram fechadas 36.642 vagas nos últimos 12 meses, 5.948 no ano e 8.194 somente em agosto. No mês passado, os setores que demitiram foram indústria (-5.744 vagas), comércio (-1.580 vagas), construção civil (-876 vagas) e agropecuária (-31). Serviços abriu 236 postos de trabalho. Ainda na indústria, os segmentos mais afetados foram madeira e mobiliário (-1.256 vagas), metalúrgica (-492), mecânica (-754) e vestuário (-752).

Em Londrina, foram fechados 435 postos de trabalho em agosto. Os setores que mais demitiram foram indústria (-230 vagas) e comércio (-209 vagas). Em Curitiba, foram cortados -5.193 empregos. O segmentos que mais fecharam vagas foram a indústria (-2.224 empregos), construção civil (-953), comércio (-976) e serviços (-878).

Para o diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, o resultado do emprego em agosto é reflexo de toda a conjuntura de crise econômica e da queda no consumo, que começa a provocar o aumento do desemprego.

Segundo ele, a queda acentuada na construção civil está relacionada com o aumento das restrições na concessão de crédito, com a elevação dos juros e com a vasta oferta de imóveis no mercado. Já os cortes no comércio são reflexo do poder de compra sendo corroído pela inflação.

Nojima destacou que o Paraná só agora apresentou saldo negativo no acumulado do ano. Até julho, acumulava um saldo positivo de 1.731 vagas. "Até agora, o interior do Estado tinha conseguido compensar o efeito da crise nas regiões metropolitanas", disse. Ele acredita que tanto o Paraná como o País devem fechar o ano com saldo negativo de empregos.

Segundo ele, a dificuldade do governo federal de implantar o ajuste fiscal que possibilite um superavit primário em 2016, atrapalha o desempenho da economia. Com isso, os empresários estão segurando os investimentos. Ele prevê que o emprego comece a ter alguma melhora somente no segundo semestre de 2016 e não descarta a possibilidade da atual taxa de desemprego hoje em 7,6% se acentuar. Nojima acredita que nem as vagas temporárias de final de ano serão suficientes para tornar o saldo de emprego do comércio positivo ao final de 2015.

O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fabiano Camargo da Silva, disse que a recessão deste ano e a incerteza econômica e política se refletem nos postos de trabalho. Também contribuem para isso o aumento dos juros e de diversos tributos, inclusive no Paraná. Ele também prevê que tanto o Brasil como o Paraná fechem este ano com saldo negativo de empregos.
Andréa Bertoldi
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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