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Acaba greve na Delegacia do Trabalho e INSS

Volta dos servidores foi marcada por reclamações de usuários que não conseguiram benefícios

Amadeu Valério não recebeu o seguro-desemprego nos últimos três meses, comprometendo o pagamento de contas
Fotos: Celso Pacheco
Trabalhadores enfrentaram fila e chuva e alguns ficaram sem atendimento na Delegacia do Trabalho por falta de senhas ou ausência de peritos
Após aproximadamente 80 dias de greve, a Delegacia Regional do Trabalho e as unidades do Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS) retomaram o atendimento ao público na manhã de ontem em Londrina. Apesar de enfrentarem longas filas e a chuva, muitos trabalhadores voltaram para casa sem atendimento por causa do limite de senhas ou pela ausência dos médicos peritos, que continuam com atividades suspensas no INSS em decorrência da paralisação nacional.

Morador da zona leste de Londrina, Amadeu Valério reclamou do atendimento na Delegacia do Trabalho após o vigia avisar que uma parte dos trabalhadores que esperava na fila não seria atendida ontem. Ele relatou que não recebeu o seguro-desemprego nos últimos três meses, o que provocou dificuldades para pagamento de contas como água e luz.

Valério ainda cobrou a realização de mutirões para atendimento da demanda acumulada durante a greve e o agendamento das pessoas que aguardavam na fila, que dobrava o cruzamento das avenidas Rio Branco e Leste-Oeste. "O atendimento limitado não é justo com o trabalhador que depende do benefício e com quem vai começar a trabalhar e precisa da carteira. Eu vou ficar debaixo da chuva até ser atendido", desabafou.

A haitiana Edena Michel chegou por volta das 6 horas para conseguir uma senha preferencial e dar entrada na carteira de trabalho para arrumar um emprego na região de Londrina. Mãe de um bebê de dois meses, ela contou que precisa entrar no mercado de trabalho para sustentar a família. "Desde quando eu cheguei no Brasil estou procurando emprego e preciso do documento para ser contratada."

Chefe do atendimento da delegacia regional, Joelma Carloto, informou que 50 senhas foram distribuídas no período da manhã, com ampliação de mais 30 números para o retorno dos usuários na parte da tarde, além dos atendimentos preferenciais. De acordo com ela, cerca de 3,4 mil solicitações de carteiras de trabalho e 1,1 mil pedidos de seguro-desemprego foram acumulados durante o período da greve.

"Não temos estrutura para atender toda a demanda. A reivindicação de abertura de concurso público não foi atendida pelo governo federal e estamos trabalhando com poucos servidores", afirmou. Ela ainda sugeriu o agendamento pelo site do Ministério do Trabalho e Emprego (www.mte.gov.br) para evitar as filas e a longa espera pelo atendimento na delegacia regional.

INSS
Os trabalhadores também enfrentaram dificuldades no primeiro dia de atendimento no INSS após a greve. O principal problema é a continuidade da paralisação nacional dos médicos peritos que entraram em greve no início de setembro, sem avanços nas negociações com o governo federal.

A dona de casa Cintia Maria Rocha chegou por volta das 5 horas na agência localizada na Rua João Cândido, no centro da cidade, para acompanhar o filho metalúrgico na tentativa de agendar a perícia para pagamento do benefício após cirurgia realizada em julho. Daniel Rocha de Oliveira sofreu um acidente de trabalho em 2013 e teve o auxílio cortado duas vezes.

"Ele não recebe há mais de dois meses e tem dois filhos para criar. Depois da lesão no joelho, a empresa cortou até a cesta básica", lamentou Cintia. O metalúrgico faz fisioterapia e conseguiu o agendamento para perícia em novembro. "Temos quase 50 protocolos de atendimento pelo telefone. Até perícia em outras cidades foram agendadas de maneira equivocada pelo INSS", reclamou.
Rafael Fantin
Reportagem local-FOLHA DE LONDRINA
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