[Fechar]

Últimas notícias

Carência de médicos preocupa Federação dos Médicos

Comissão da entidade visita unidades de saúde e constata falta de profissionais para atender a demanda

Fotos: Saulo Ohara
O diretor financeiro da Fenam, Geraldo Ferreira, conversou com pacientes que esperavam atendimento na nova UPA
Para Alberto Oba, filiação do Sindmed aproxima a classe da luta por condições de trabalho de forma nacional
Uma comissão da Federação Nacional do Médicos (Fenam) visitou ontem três estabelecimentos de saúde de Londrina para conhecer as condições de trabalho dos médicos. No Hospital Universitário (HU), os dirigente da entidade se depararam com pacientes em macas nos corredores. "Essa é uma situação que não esperávamos encontrar. Oitenta pacientes é muita coisa. É uma violação dos direitos humanos", declarou Geraldo Ferreira, diretor financeiro e ex-presidente da Fenam.

O diretor também constatou problemas nos contratos de trabalho dos médicos e número insuficiente de plantonistas. "Esses contratos de forma precarizada colocam em risco o atendimento ao paciente", enfatizou Ferreira. Para a Fenam, é preciso equalizar a demanda e o número de profissionais.

O HU informou, por meio da assessoria de imprensa, que foi realizado concurso para contratação de médicos, mas que aguarda a liberação do governo do Estado para iniciar o processo. Para suprir de forma emergencial a demanda, o hospital faz contratação de terceiros. E acrescentou que a alocação de pacientes em corredores é resultado da falta de leitos, o que é um "problema estrutural" nacional.

A entidade vem percorrendo o Brasil para conhecer a realidade e levantar as propostas dos médicos para a inclusão na pauta nacional. O Sul e o Sudeste apresentam uma realidade melhor do que outras regiões do País, mas também sofrem com a carência de médicos. "Com pouco número de recursos humanos, o paciente vai esperar mais, o exame será visto com mais pressa", disse Ferreira.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Maria Angélica Castaldo, a UPA Centro-Oeste, no Jardim do Sol, na zona oeste, inaugurada esta semana, a comissão chamou a atenção para o número reduzido número de médicos. "Uma obra nova traz uma satisfação, mas fomos informados que se fechou um Pronto Atendimento Municipal (PAM) para abrir aqui. É trocar seis por meia dúzia, mesmo que a UPA tenha capacidade para atender o dobro de pacientes. Mas ainda faltam médicos", afirmou. A estrutura da UPA tem capacidade para atender até 450 pacientes por dia. São cinco médicos plantonistas por turno.

A Prefeitura de Londrina informou que o PAM não foi fechado. O prédio passará por reforma para abrigar o laboratório de análises clínicas e também parte da ampliação do Pronto Atendimento Infantil (PAI). Ainda de acordo com a Prefeitura, a UPA tem condições de absorver a demanda do PAM e de outras unidades de atendimento.

A auxiliar de limpeza Dagmar Clemente, de 44 anos, esperou mais de uma hora para ser atendida na unidade. Ela chegou com dor no peito, falta de ar e dificuldade para falar. "É difícil ficar aqui esperando. Passei pela triagem e estou aqui", disse. A auxiliar de limpeza foi uma das pacientes com quem a comissão conversou durante a visita. Os diretores da Fenam também estiveram no Hospital Zona Norte.

A vinda dos diretores da entidade a Londrina marca a filiação do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná (Sindmed) à Federação. Segundo o presidente do Sindmed, Alberto Toshio Oba, essa filiação aproxima a classe da luta por condições de trabalho de forma nacional. As reivindicações do sindicato são por um plano de carreira de médico do Estado, investimento na saúde e melhorias na formação dos profissionais de saúde. "Precisamos fiscalizar a eficiência das escolas de Medicina", disse Oba.

O sindicato é contra a abertura de novas faculdades de Medicina, pois, segundo o presidente, não existem vagas de residência suficientes para absorver esses profissionais. Hoje, são em torno de 240 cursos no País. "É preciso ter bons médicos para termos bons atendimentos e isso começa na formação. O que vemos hoje é uma falta de estimulo para os médicos trabalharem e preparo", enfatizou o presidente do Sindmed.

Além das visitas às unidades de saúde, os diretores da Fenam se reuniram com na quinta-feira com a diretoria do sindicato e participaram de um debate sobre "A precariedade da Saúde e a Importância da Mobilização dos Médicos".(Colaborou Rafael Souza)
Aline Machado Parodi
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
UA-102978914-2