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Decisão limita distância percorrida por carteiros

Peso carregado por profissionais também não pode ser excessivo

Ricardo Chicarelli
Um carteiro responsável pelas entregas na área central anda em média entre quatro e cinco quilômetros por dia
Nova determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo impôs limites de peso e distância para o trabalho diário de carteiros de todo o País. Entregadores de correspondências só podem andar no máximo oito quilômetros por dia e carregar dez quilos, no caso dos homens, e oito, para mulheres. A medida, que passou a valer no mês passado, tenta pôr fim ao desgaste dos profissionais, que vinham reclamando de lesões pela carga excessiva da jornada.

Procuradores do Ministério do Trabalho de São Paulo foram os responsáveis por denunciar o problema ao TRT paulista. Depois de algumas reclamações e de uma ação de um carteiro de Sorocaba, que se queixava principalmente de dores na coluna e esgotamento físico, eles passaram a investigar a rotina dos trabalhadores. Os procuradores usaram até um GPS e constataram que carteiros de Sorocaba andavam em média 17 quilômetros por dia. Eles também detectaram que o peso carregado por um entregador era excessivo. Um carteiro chegava a carregar 30 quilos de correspondências e encomendas em um mesmo expediente.

O diretor da regional de Londrina do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Paraná (Sintcom), Fabiano Batista Silvério, diz que a determinação do TRT de São Paulo é uma vitória para a categoria, ainda que a regra sobre o limite de peso já faça parte do Acordo Coletivo de Trabalho. "Era uma questão muito debatida internamente e que agora ganha repercussão, chamando a atenção da sociedade para o problema", comenta.

Silvério conta que a principal queixa é com relação à distância percorrida. "O peso nem tanto, porque tem os depósitos auxiliares (comércios para onde a carga postal é levada de carro)", aponta. Segundo ele, em Londrina, a cada dez carteiros, pelo menos sete reclamam de problemas ortopédicos, e de 10% a 15% já estiveram afastados das atividades por conta de lesões. "São problemas de tornozelo, joelho, quadril, hérnia de disco, coluna. Tem muita gente afastada. Alguns foram até reabilitados para outras funções internas", acrescenta.

De acordo com Silvério, a empresa tem cumprido a nova determinação na maioria dos casos. Ele acrescenta que o sindicato já estuda inserir no Acordo Coletivo de Trabalho uma regra que limite também a quilometragem diária percorrida pelos carteiros. Atualmente, segundo ele, um carteiro percorre em média dez quilômetros ao dia em Londrina.

Um carteiro ouvido pela reportagem da FOLHA, que pediu para não ser identificado, contou que em Londrina um profissional responsável pelas entregas na área central anda em média entre quatro e cinco quilômetros por dia. A situação é diferente, no entanto, para quem atua nos bairros mais afastados. "Esse pessoal anda mais de dez (quilômetros) por dia", revela. Segundo ele, na cidade, mesmo com a nova determinação valendo para todo o Brasil, nada mudou.

Em nota, os Correios garantiram que os carteiros não ultrapassam o limite de peso da bolsa a cada sete quilômetros percorridos. "No trajeto, eles abastecem as bolsas nos ‘depósitos auxiliares’. Além disso, conforme a entrega é feita, o peso da bolsa reduz progressivamente", defende.

A resposta diz ainda que o efetivo foi aumentado em 13 mil trabalhadores, o que ajuda a melhorar a qualidade do serviço e evitar sobrecarga dos profissionais. Os Correios informaram que já recorreram da decisão.
Rafael Souza
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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