PM é indiciado por homicídio após confessar tiro acidental em vigilante
Em depoimento, policial disse que disparo foi feito com arma pessoal.
Delegado indiciou outro militar por homicídio doloso e fraude processual.
O delegado Luiz Eduardo Aguiar Maturano, que investiga a morte de vigilante Alex de Morais, de 39 anos, indiciou nesta segunda-feira (26) os dois policiais militares por homicídio doloso e fraude processual. O crime ocorreu na madrugada de domingo (11), quando a vítima foi atingida na nuca por uma "bala perdida" em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. Os militares registraram o caso como atropelamento.
Em depoimento prestado à polícia nesta segunda-feira, um dos policiais confessou ter efetuado o disparo que acertou o vigilante, mas de forma acidental. "O motorista da viatura confessou ter feito o disparo com uma pistola calibre 380, que é uma arma proibida. Policial militar não pode usar arma particular no patrulhamento. Ele é canhoto e disse que a arma estava presa ao colete e o tiro aconteceu quando tentou segurar a arma para que ela não caísse."
O delegado optou pelo indiciamento dos dois policiais por não encontrar lógica na mecânica dos fatos apresentadas pelos militares. "Obviamente que a Polícia Civil não acredita nessa versão. Por isso eles foram indiciados por homicídio doloso e fraude processual. Eles faziam o acompanhamento, que é sinônimo de perseguição, de uma motocicleta com dois ocupantes. E o tiro que eles dizem ser acidental acontece exatamente na mesma trajetória em que estava a moto e a vítima. Foi um tiro de aproximadamente 50 metros.
"Maturano informou que o policial militar disse ainda que "não sabia que o disparo tinha acertado a vítima, que ele achou que a vítima tinha sido atropelada. Por outro lado, o colega dele de viatura disse que ouviu um estampido de tiro ou de escapamento de moto, ele nos disse que não percebeu que o colega tinha feito um disparo."
Maturano afirmou que deve relatar o inquérito policial ainda nesta semana ao Ttribunal do Júri. "Não é preciso esperar o confronto balístico entre a arma do policial e o projétil retirado da cabeça da vítima, pori o policial já está dizendo que efetuou o disparo."
Os policiais cumprem prisão temporária de 30 dias desde segunda-feira (19), após decisão da Justiça Militar. "Vamos representar pela prisão preventiva junto ao Tribunal do Júri", disse o delegado.
A prisão dos militares
A assessoria do tribunal disse que a decisão foi um pedido do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar para facilitar o andamento das investigações. De acordo com a Polícia Militar, os policiais cumprem prisão administrativa desde a última quarta-feira (14).
A assessoria do tribunal disse que a decisão foi um pedido do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar para facilitar o andamento das investigações. De acordo com a Polícia Militar, os policiais cumprem prisão administrativa desde a última quarta-feira (14).
A Corregedoria da Polícia Militar abriu um inquérito para investigar os PMs. A conclusão da investigação ainda depende da elaboração de um laudo que ainda não tem data prevista para ficar pronto.
As investigações tiveram início na terça-feira (13) após pedido do comandante geral da PM, o coronel Ricardo Gambaroni. Um dos policiais chegou a ser ouvido na terça-feira (13). O segundo PM, que mora no interior, foi ouvido na quarta-feira (14) na sede da Corregedoria no bairro da Luz, no Centro da capital paulista.
De acordo com familiares da vítima, Alex foi atingido por um tiro de pistola calibre .40. Eles teriam recebido essa informação do médico do IML (Instituto Médico-Legal). Esse era o mesmo modelo de arma utilizada pelos PMs no dia do crime.
O ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Fernandes, também acompanha o caso. “Se ficar comprovado que o tiro saiu de uma pistola calibre.40 cai por terra toda a justificativa de que não foram os PMs que atiraram”, afirmou.
Fernandes afirmou que já pediu ao IML essa comprovação de que o ferimento na cabeça do vigilante foi feita com esse tipo de armamento e aguarda uma resposta.
Em nota, a Secretaria de Segurança informou que foi instaurado inquérito policial para apurar o caso. A Polícia Militar também instaurou Inquérito Policial Militar sobre o ocorrido.
Caso
O caso ocorreu na Rua Edgar Pinto Cesar, por volta das 2h50, após a vítima seguir em direção a sua casa depois de sair do trabalho em uma casa noturna na Zona Oeste da capital paulista. O vigilante tinha acabado de descer do ônibus e andava em direção a sua casa quando foi atingido.
Em nota, a Secretaria de Segurança informou que foi instaurado inquérito policial para apurar o caso. A Polícia Militar também instaurou Inquérito Policial Militar sobre o ocorrido.
Caso
O caso ocorreu na Rua Edgar Pinto Cesar, por volta das 2h50, após a vítima seguir em direção a sua casa depois de sair do trabalho em uma casa noturna na Zona Oeste da capital paulista. O vigilante tinha acabado de descer do ônibus e andava em direção a sua casa quando foi atingido.
A declaração de óbito diz que a vítima teve traumatismo crânioencefálico após ser atingida por um objeto perfurante contundente na cabeça. No entanto, os PMs contaram na delegacia que encontraram a vítima caída no chão e inconsciente após a passagem de uma motocicleta com dois homens em alta velocidade.
Vizinhos ouviram o barulho de um tiro sendo disparado. Testemunhas relataram ao G1 que os policias perseguiam a motocicleta quando dispararam um tiro que teria atingido acidentalmente o vigilante. Na sequência, um dos policiais desesperado teria declarado que “fez besteira”, de acordo com o relato da vizinhança.
A vítima foi encaminhada ao Hospital Santa Marcelina e morreu horas depois. A mãe da vítima, a aposentada Francelina Veiga de Morais, de 69 anos, contou ao G1 que o médico que atendeu seu filho no hospital disse que ele foi vítima de tiro na nuca e que não tinha nenhuma fratura no corpo ou sinal de atropelamento.
A vítima foi encaminhada ao Hospital Santa Marcelina e morreu horas depois. A mãe da vítima, a aposentada Francelina Veiga de Morais, de 69 anos, contou ao G1 que o médico que atendeu seu filho no hospital disse que ele foi vítima de tiro na nuca e que não tinha nenhuma fratura no corpo ou sinal de atropelamento.
Francelina conta que estava dormindo quando soube que o filho tinha sido atropelado. "O médico falou comigo que meu filho não foi atropelado e, sim, baleado. Ele falou que não quebrou um dedinho dele, não tinha nada, mas tinha um buraco na cabeça dele."
O boletim de ocorrência feito pelos PMs no 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela) não mencionam o ferimento na cabeça da vítima. Inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa (quando não há intenção) e fuga do local do acidente.
Por esse motivo, a família voltou na delegacia e pediu a modificação no boletim de ocorrência. Como a solicitação não foi atendida, os familiares decidiram registrar o caso no 53º DP (Parque do Carmo) como morte suspeita.
FONTE - GLOBO.COM