[Fechar]

Últimas notícias

(25-11-2015) Londrina enfrenta risco de epidemia de dengue hemorrágica

Índice de infestação do mosquito Aedes aegypti é oito vezes superior ao recomendado pela OMS

Gina Mardones
Lixo espalhado pelas ruas é cena comum no Conjunto Pindorama

Com um índice de infestação do mosquito Aedes aegypti quase oito vezes acima do limite preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Prefeitura de Londrina decretou ontem alerta epidemiológico e estado de emergência contra a dengue. A medida foi anunciada pelo prefeito Alexandre Kireeff, durante coletiva em que apresentou o novo Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa). De 8.909 imóveis vistoriados pelos agentes de saúde para a pesquisa, 7,9% apresentaram criadouros do mosquito. A OMS estabelece como limite para infestação do Aedes a marca de 1% dos imóveis. Até 3,9%, o cenário é de alerta. Acima disso, há risco de surto da doença.
Em Londrina, a situação mais grave foi encontrada no bairro Água das Pedras, na zona leste. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 50% dos imóveis vistoriados apresentaram focos do mosquito da dengue. Já na zona oeste, o campeão de infestação é o Jardim Petrobras, com 33,3%. O índice é semelhante no Bairro Aeroporto, na zona leste, que teve 30% de infestação. No centro, a área mais crítica é a da Vila Yara, com 22%, enquanto na zona norte, é o Jardim Germano Ballan, com 25%.

A maior preocupação, aponta o secretário municipal de Saúde, Gilberto Martin, é a possibilidade de ocorrer uma epidemia de dengue hemorrágica no município. De acordo com ele, desde 2000, Londrina já registrou 24 mil casos de dengue. A cada reinfecção, cresce a probabilidade do paciente desenvolver a forma hemorrágica da doença. "É uma coisa um pouco trágica, porque de cada quatro pessoas que têm dengue hemorrágica, três vão a óbito. Não estamos falando de uma coisa que é brincadeira. Temos várias epidemias de dengue clássica sucessivas ao longo desses 15 anos. A cada epidemia estamos cada vez mais perto de uma epidemia de dengue hemorrágica", afirmou.
O decreto emergencial relacionado à doença permite que agentes de endemias tenham acesso a imóveis fechados ou em que há recusa do morador em liberar a entrada das equipes. A partir de hoje, proprietários de residências ou estabelecimentos comerciais que foram notificados pelos agentes e não tomaram providências para eliminar os focos do Aedes aegypti também serão multados. O valor da infração vai de R$ 208,23 a R$ 20.823,00, de acordo com a classificação de gravidade – de leve a gravíssima, conforme a quantidade de criadouros e focos com larvas do mosquito. "Vamos agir com bastante firmeza", reforçou o secretário.
A aplicação das multas aos reincidentes deve ter o apoio da Guarda Municipal. Após lavrado, o auto de infração será cobrado pela Secretaria da Fazenda.

DESMOBILIZAÇÃO
No mesmo período do ano passado, o índice de infestação do mosquito da dengue em Londrina era de 1%. Em 2013, 1,5%. Na avaliação do prefeito, esta evolução da presença do Aedes aegypti no município está ligada à diminuição da sensibilização da comunidade sobre o problema e das atuais condições climáticas. Ele alerta que, na maioria dos casos em que houve registro de focos do mosquito, o lixo disposto de maneira inadequada era a principal causa. "As pessoas tendem a imaginar que se trata do lixo depositado na rua, mas é dentro das casas, imóveis comerciais. Até mesmo aquelas geladeiras que acumulam água têm sido objeto de multiplicação da dengue", pontuou.
Com o decreto de emergência, o município fica autorizado a convocar servidores da Saúde e de demais áreas para ações emergenciais, fazer contratações extraordinárias, adquirir insumos e requisitar junto aos governos estadual e federal atuação complementar, como equipamentos para aplicação de fumacê. "Não estamos em uma epidemia, mas estas são medidas fundamentais para que isso não ocorra em nossa cidade", salientou Kireeff.
Para a chefe da 17ª Regional de Saúde (RS), Teresinha de Fátima Sanchez, trata-se de uma situação de risco. Ela analisa que o combate à dengue precisa passar também pela eliminação de outros insetos. "É preciso tirar a imagem que temos que nos preocupar só com o mosquito da dengue. Temos o zika, o chikungunya. O risco que temos é muito grande. Ao mesmo tempo, não adianta matar o mosquito que voa com fumacê e não eliminar os criadouros", sustentou.
Desde o início do ano, Londrina registrou 2.733 confirmações de dengue. A incidência é de 494 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2003 e 2011, anos em que o município enfrentou epidemia da doença, as confirmações chegaram a 7.352 e 7.412, respectivamente.

FOLHA DE LONDRINA
Antoniele Luciano
Reportagem Local
UA-102978914-2