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Mundo se mobiliza na véspera da conferência sobre o clima

Cerca de 600 mil pessoas protestaram contra o aquecimento global.
Em Paris, houve confrontos com a polícia, com 208 pessoas detidas.

Da France Presse
Mais de 10.000 sapatos, incluindo pares enviados pelo papa Francisco, cobriram parte da praça da República de Paris para simbolizar a impossibilidade de organizar manifestações na cidade por ocasião da Cúpula do Clima (COP21) por causa da ameaça terrorist (Foto: Eric Gaillard/Reuters)Mais de 10.000 sapatos, incluindo pares enviados pelo papa Francisco, cobriram parte da praça da República de Paris para simbolizar a impossibilidade de organizar manifestações na cidade por ocasião da Cúpula do Clima (COP21) por causa da ameaça terrorist (Foto: Eric Gaillard/Reuters)
Manifestações nos cinco continentes reuniram quase 600 mil pessoas neste domingo (29) para exigir um acordo contra o aquecimento global, na véspera da conferência da ONU sobre o clima, em Paris.
Os protestos ocorreram na Austrália, onde dezenas de milhares de pessoas foram às ruas, passando por Ásia, Europa e África, com o objetivo de exigir medidas que impeçam transformações irreversíveis como grandes secas ou a elevação do nível dos oceanos. Essas mudanças acontecerão, ao longo deste século, inevitavelmente, se não forem contidas as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Segundo as primeiras estimativas divulgadas por um dos organizadores, a ONG Avaaz, pelo menos 570 mil pessoas participaram das 2.300 marchas pelo clima ao redor do mundo neste fim de semana.
"Esse número é sempre provisório e suscetível de aumentar com outras passeatas que ainda vão acontecer no México, em Ottawa e Vancouver, o que deve elevar o total para muito mais do que 600 mil participantes", destacou a organização. Em Madri, ao menos 10 mil pessoas participaram de uma passeata iniciada diante da prefeitura, na Praça Cibeles, que seguiu até a Porta do Sol. Entre as mensagens, podia-se ler "A Terra é sua casa" e "Me ajude e ajude a si mesmo".
Policiais entram em confronto com manifestantes perto da Praça da República, em Paris, após o cancelamento de uma marcha pelo clima. A cidade sedia a Conferência Mundial de Mudanças Climáticas 2015 (COP21) (Foto: Eric Gaillard/Reuters)Policiais entram em confronto com manifestantes perto da Praça da República, em Paris, após o cancelamento de uma marcha pelo clima. A cidade sedia a Conferência Mundial de Mudanças Climáticas 2015 (COP21) (Foto: Eric Gaillard/Reuters)
Confrontos em Paris
Em Paris, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo neste domingo para conter centenas de manifestantes, muitos deles mascarados, que jogaram sapatos, garrafas e até barreiras metálicas contra os agentes, em um protesto contra a proibição de se manifestar, à margem da COP21.
Os manifestantes se reuniram perto da Praça da República, convocados por pequenos grupos "AntiCop21", contrários à conferência do clima da ONU em Paris.
Aos gritos de "Ouçam nossas vozes! Estamos aqui!" e "Estado de emergência, Estado policial, não vão tirar nosso direito de manifestação", os ativistas "AntiCOP21" seguiram para a Praça da República, centro da capital.
O presidente francês, François Hollande, criticou a ação "escandalosa" de "elementos perturbadores".
"Sabíamos que havia elementos perturbadores, que não têm nada a ver com os defensores do meio ambiente", denunciou Hollande, que está em Bruxelas para a cúpula entre União Europeia e Turquia.
Segundo o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, a polícia deteve 208 manifestantes, dos quais 174 estão em prisão provisória.
Os atos violentos, em particular o lançamento de projéteis cometidos por alguns manifestantes, devem ser denunciados "com a maior firmeza" e, de modo algum, podem ser confundidos com "manifestações de boa fé", declarou Cazeneuve.
De acordo com o chefe de polícia da capital, Michel Cadot, "são pequenos grupos violentos que enfrentaram as forças da ordem com projéteis", como "velas e até uma bola de bocha".
Com cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, a XXI Conferência do Clima da ONU inaugura, oficialmente, nesta segunda-feira. Os representantes dos 195 países que participam da COP21 devem anunciar, em 11 de novembro, a formalização de um acordo mundial para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.
Manifestantes se deitam ao lado de com cartazes com a frase "Eu sou o rio Doce" durante protesto no Rio de Janeiro. Nesta segunda (30) começa COP 21, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Paris. (Foto: Pilar Olivares/Reuters)Manifestantes se deitam ao lado de com cartazes com a frase "Eu sou o rio Doce" durante protesto no Rio de Janeiro. Nesta segunda (30) começa COP 21, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Paris. (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
No Rio de Janeiro, cerca de 400 pessoas participaram de um protesto na praia de Ipanema, e em São Paulo, a manifestação reuniu ao menos 300 pessoas - sob forte chuva - no centro da cidade.
Os dois protestos foram marcados pela tragédia de Mariana, o maior desastre ambiental na área de mineração da história do país.
Em Londres, estrelas de Hollywood e do mundo da moda foram às ruas hoje junto com milhares de anônimos, para exigir compromissos contra o aquecimento global.
"Este clamor popular tem de ser ouvido. Essa cúpula histórica tem uma importância vital", disse à AFP a atriz Emma Thompson.
"No ano passado, fui junto com a minha filha ao Ártico. Lá, eu vi com meus próprios olhos a degradação do meio ambiente. O clima muda tão rápido atualmente porque os protocolos de Kioto foram ignorados", acrescentou.
"A ameaça é séria. É preciso agir. Se formos numerosos o bastante, os políticos terão de nos ouvir. Eles querem ser reeleitos e, por isso, vão responder", afirmou o cantor Peter Gabriel.
A célebre estilista Vivienne Westwood, o líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn e a cantora Charlotte Church também participaram da passeata.
"Queremos enviar uma mensagem clara para dizer que queremos um acordo, que meras palavras não são suficientes. De Uagadugu a Londres, passando pelo Nepal, o mundo inteiro marcha como se fosse uma única pessoa, reclamando ações", destacou o diretor de campanha da organização Avaaz, Sam Barratt.
"Isso me afeta diretamente. Se nada mudar, minha terra vai ficar submersa", disse Mikaele Maiava, de 37, de Tokelau, que faz parte da Nova Zelândia.
"É o problema da nossa geração, não é um problema apenas para os ambientalistas. A educação é essencial. Nunca se é jovem demais para se sensibilizar com problemas tão fundamentais", defendeu a francesa Katia Herault, que vive em Londres, e levou os filhos vestidos como o peixinho Nemo, personagem da animação "Procurando Nemo".
Com cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, a XXI Conferência do Clima da ONU inaugura, oficialmente, nesta segunda-feira. Os representantes dos 195 países que participam da COP21 devem anunciar, em 11 de novembro, a formalização de um acordo mundial para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.
Japoneses fazem protesto em favor da proteção do clima em Tóquio neste sábado (28), um dia antes do início da COP21 (Foto: Thomas Peter/Reuters)Japoneses fazem protesto em favor da proteção do clima em Tóquio neste sábado (28), um dia antes do início da COP21 (Foto: Thomas Peter/Reuters)
 Nuvens de gás lacrimogêneo são vistas durante protesto entre manifestantes e policiais na Para da República em Paris neste domingo (29) (Foto: Eric Gaillard/Reuters)Nuvens de gás lacrimogêneo são vistas durante protesto entre manifestantes e policiais na Para da República em Paris neste domingo (29) (Foto: Eric Gaillard/Reuters)FONTE - GLOBO.COM
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