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22% dos acidentes com morte envolvem grandes veículos no Paraná

Nos últimos dois anos, dos 2.072 óbitos em acidentes nas rodovias estaduais, 468 foram com caminhões, ônibus ou micro-ônibus

Ricardo Chicarelli/17-12-2015
As principais causas de acidentes envolvendo caminhões são as condições dos veículos, o cansaço dos motoristas e a direção acima do limite de velocidade, segundo a PRE

Nos últimos dois anos, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registrou 33.942 acidentes nas estradas sob responsabilidade do Paraná, sendo que 6.678 ocorrências envolveram caminhões, ônibus e micro-ônibus. Ao todo entre 2014 e 2015, das 2.072 mortes em acidentes nas estradas, 468 foram com veículos de cargas ou transporte de passageiros, o que representa 22,5% dos óbitos nas rodovias estaduais durante o período.
Além disso, o número de mortes em acidentes com carro e motocicletas caiu no ano passado. Nos automóveis, a queda foi de 12,9% em relação a 2014. Em acidentes com motocicletas, a redução nos óbitos chegou a 7,7%. No entanto, caminhões, ônibus e micro-ônibus não acompanharam essa tendência. Somados, os acidentes envolvendo os três meios de transportes registraram o mesmo número de mortes nos dois últimos anos. Em 2015, foram 208 óbitos em desastres com caminhões, 21 em ônibus (uma a menos que em 2014) e cinco em micro-ônibus (uma a mais em relação ao ano anterior), totalizando 234 mortes no ano. Já as motocicletas e triciclos foram responsáveis por 155 óbitos, contra 168 em 2014.
O porta-voz da PRE, tenente Felipe Vitor Hess, explicou que o número de acidentes com caminhões nas rodovias é maior do que o registrado com motocicletas por causa do alto fluxo de veículos com cargas nas estradas, ao contrário da área urbana, onde os motociclistas são as principais vítimas. "O agravante é que os acidentes em rodovias são mais graves por causa da velocidade. Na área urbana, colisões acontecem com uma velocidade próxima dos 30 km/h. Já na estrada, os veículos colidem acima dos 80 km/h. Assim, se multiplicam as possibilidades de lesões e óbitos", afirmou.
De acordo com o tenente, as principais causas de acidentes envolvendo caminhões são as condições dos veículos, o cansaço dos motoristas e a direção acima do limite de velocidade. "Quando um caminhão excede a velocidade, a chance do motorista perder o controle é grande, principalmente em veículos carregados", comentou. Ele lembrou que vários caminhões são encontrados durante as fiscalizações nas estradas com pneus em más condições, cargas mal acomodadas e com falhas no sistema de iluminação e sinalização. "No início deste ano, enfrentamos condições climáticas que comprometem a visibilidade dos motoristas. Por isso, o cuidado deve ser redobrado, principalmente com a velocidade e ultrapassagens", alertou. Hess ainda comentou que o número de acidentes envolvendo ônibus de linhas rodoviárias é menor por causa do treinamento dos motoristas e também devido a manutenção dos veículos sob responsabilidade das empresas.

ESTRADAS
O presidente do Sindicato de Transportes Rodoviários Autônomos de Bens de Londrina e Região, Carlos Roberto Dellarosa, afirma que as condições das estradas também colaboram com o número de acidentes envolvendo caminhões. "Muitas rodovias não possuem acostamentos e a pista ainda tem buracos e degraus no asfalto, o que dificulta a direção do motorista. Além disso, outros veículos com motoristas poucos experientes e as ultrapassagens perigosas colocam em risco os caminhoneiros", argumentou. Questionado sobre o excesso de velocidade na pista, ele respondeu que muitos caminhões possuem rastreamento para controle da velocidade permitida com emissão de alerta quando o motorista ultrapassa os 85 km/h. "As empresas exigem o disco de tacógrafo do caminhão para verificar a velocidade do motorista. Se o profissional ultrapassa a velocidade, ele pode ser advertido", acrescentou. No entanto, Dellarosa criticou as empresas que exigem dos motoristas viagens para o Estado de São Paulo após um dia inteiro de trabalho. "O motorista carrega durante o dia na cidade e tem que sair de noite para viagens de até 9 horas. Se o profissional não aceita, a empresa corta o frete. Assim, ultrapassa as 12 horas de trabalho permitidas e isso pode até levar alguns motoristas ao uso de estimulantes para se manter acordado", reclamou.

ANO NOVO VIOLENTO
O início de 2016 foi marcado por acidentes com grande número de mortes nos locais das colisões sem possibilidade de socorro devido à gravidade dos ferimentos das vítimas. No último dia 5, a colisão entre uma caminhonete e um caminhão carregado com cana de açúcar terminou com a morte de cinco pessoas na PR-323, no Noroeste do Estado. No dia seguinte, quatro veículos se envolveram no acidente mais grave das primeiras semanas do ano. Um caminhão não conseguiu ultrapassar outro veículo de carga e colidiu com um ônibus de trabalhadores rurais na PR-082, entre Terra Boa e Engenheiro Beltrão. Oito pessoas morreram, entre eles, os dois motoristas. No dia 10, o ônibus do cantor Michel Teló colidiu frontalmente com um automóvel na rodovia federal BR-376, em Ortigueira, no Norte do Estado. Três pessoas que estavam no veículo Gol, placas de Londrina, morreram no local.
No último dia 17, três pessoas morreram em uma colisão registrada na PR-323. O acidente, que envolveu dois carros e uma carreta, aconteceu por volta das 19 horas, em Cianorte.
Rafael Fantin
Reportagem local
FOLHA DE LONDRINA
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