Assaltos em agências dos Correios crescem 20% no Paraná
Segundo o Sintcom, no primeiro semestre do ano passado foram 45 assaltos contra 37 no mesmo período de 2014; na quarta-feira, três unidades sofreram ataques
Agência de Ibiporã está fechada desde outubro do ano passado, após protesto de funcionários; local foi alvo de criminosos cinco vezes em seis meses
Três agências dos Correios foram assaltadas na última quarta-feira no Oeste e Noroeste do Paraná. O caso mais grave aconteceu na agência de Santa Lúcia, na região de Cascavel, onde uma funcionária de 40 anos foi baleada no tórax pelo assaltante, que levou uma quantia de dinheiro não divulgada. De acordo com o Hospital Universitário (HU) de Cascavel, a paciente foi submetida a uma cirurgia e se recupera bem. Em Missal, um homem invadiu a agência e roubou dinheiro dos caixas antes de fugir com apoio de um motociclista. Ainda no mesmo dia, três homens entraram na agência dos Correios no município de Fênix, na região de Campo Mourão, quebraram câmeras de segurança para não serem identificados e renderam os empregados. Em seguida, o trio levou objetos e o dinheiro roubado em um veículo, que foi abandonado nas proximidades. Os crimes contra a empresa estatal são investigados pela Polícia Federal.
Segundo o levantamento do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom) com base no Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) do Ministério da Previdência, 45 assaltos foram realizados em agências dos Correios no Paraná durante o primeiro semestre do ano passado, 20% a mais do que no mesmo período de 2014, que terminou com 37 ocorrências. Além disso, o sindicato afirma que pelo menos cem funcionários correram riscos durante assaltos nos primeiros seis meses de 2015, conforme os registros no CAT, que são abertos pelos próprios empregados quando lesados. Os dados do segundo semestre dos últimos dois anos ainda não foram divulgados pela empresa.
BANCO POSTAL
De acordo com levantamentos do Sintcom, o número de assaltos saltou de 31 para 91 no comparativo anual entre 2010 e 2013, o que significa um aumento de 193% em quatro anos. Neste período, os Correios e o Banco do Brasil firmaram uma parceria, em 2012, para operação do Banco Postal nas agências da estatal, o que é considerado pelos sindicalistas uma das principais razões para a insegurança dos funcionários.
O diretor do Sintcom, Santino Silva, afirma que o sindicato já acionou o Ministério Público e obteve liminares da Justiça em alguns municípios paranaenses para a exigência de instalação de portas giratórias com detectores de metais, visando evitar assaltos nos locais, que prestam os serviços bancários. Ele lembra que a porta giratória e vidro blindado foram instalados nos municípios de Agudos do Sul e Terra Boa após decisões favoráveis do Judiciário.
"Na agência bancária, os criminosos encontram dificuldades para invadir o local por causa dos vigilantes e dos mecanismos de segurança, o que não existe nos Correios. A empresa alega falta de recursos financeiros para investimentos no setor. Enquanto isso, os funcionários, principalmente atendentes comerciais, trabalham sob risco e sem segurança", critica Silva. Em dezembro, três agências já haviam sido assaltadas nos três primeiros dias do mês, em Paraíso do Norte, Luiziana e Matinhos. Na unidade localizada no litoral, os funcionários receberam quatro dias de atestado médico após a ação de dois homens armados que renderam os empregados.
AGÊNCIA FECHADA
A agência dos Correios de Ibiporã permanece fechada desde outubro quando funcionários realizaram uma paralisação por causa da falta de segurança no local de trabalho, assaltado quatro vezes em seis meses antes das manifestações. O diretor do Sintcom da subsede de Londrina, Fabiano Batista Silvério, recorda que a agência voltou a ser assaltada dois dias após o fim dos protestos, o que culminou no fechamento do local até a contratação de um vigilante armado.
"Fechou no ano passado e ainda não temos uma previsão do retorno das atividades. Os funcionários do atendimento foram deslocados para o setor de distribuição e entrega de correspondências", informa Silvério. De acordo com ele, a população também foi prejudicada porque a prestação de serviços foi repassada para empresas terceirizadas e franquiadas aos Correios. "O atendimento é limitado e não possui a mesma estrutura para atendimento dos moradores", acrescenta. A FOLHA entrou em contato com a assessoria de imprensa dos Correios em Curitiba, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição. A estatal também não confirmou os números de assaltos no Estado, alegando que os dados não podem ser revelados "por questão de segurança".
Rafael Fantin
Reportagem local
Reportagem local
FOLHA DE LONDRINA