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Mercadorias disparam até 300% na Ceasa

Chuva afeta entrega de produtos como folhagens e olerícolas, impactando diretamente nos preços comercializados nos boxes

Fábio Alcover
O presidente da Arucel, Clóvis Tsuzaki: "Todos estão pagando o pato por esses estragos: produtores, atacadistas e consumidores".
Produtos como pepino, chuchu, couve-flor e tomate subiram além da conta: boa parte está chegando à Ceasa com qualidade inferior por causa das chuvas
Além da alta nos preços, a lama que invadiu a Ceasa após o temporal de segunda-feira afugentou os atacadistas

Menor volume de mercadorias, fluxo de clientes em queda e preços em disparada. Este é o cenário geral da Central de Abastecimento (Ceasa Londrina) após a chuva intensa que caiu na cidade e atingiu a marca de 275 milímetros entre segunda e terça-feira. Os comerciantes relatam que alguns produtos – principalmente folhagens e olerícolas – estão em falta, sendo que muitos agricultores da região têm dificuldade de chegar até o local e entregar aos permissionários de box o que conseguiram colher. A FOLHA esteve na Ceasa ontem pela manhã e confirmou alta de até 300% para alguns produtos. Portanto, o consumidor deve continuar sentindo a elevação de preços do varejo nas próximas semanas nas gôndolas dos supermercados e sacolões.
Apesar do baque no recebimento de mercadorias, nota-se que muitos comerciantes têm produtos, mas com qualidade inferior e preços bem elevados. O presidente da Associação Representativa dos Usuários da Ceasa de Londrina (Arucel), Clóvis Tsuzaki, que também tem box no local, disse que a chuva de quase 30 horas na cidade afetou a vinda tanto dos produtores como até os clientes. "Isso afetou a qualidade de muitas mercadorias e a tendência é que os preços continuem a subir nos próximos dias. A caixa de pepino japonês, por exemplo, está R$ 100, sendo que normalmente é comercializada a R$ 40. Já o valor do chuchu triplicou, de R$ 20 para R$ 60. Se dependêssemos dos produtos da região, estaríamos totalmente desabastecidos, mas estamos contanto com as lavouras de Curitiba, Minas Gerais, São Paulo e outras regiões. Todos estão pagando o pato por esses estragos: os produtores, os atacadistas e os consumidores".

Muitos permissionários de box que conversaram com a reportagem confirmaram uma queda no recebimento de mercadorias entre 30% e 50%. Carlos Francisco de Jesus, do box Bom Jesus, relatou que a maior dificuldade é a compra de folhagens, como alface, almeirão e rúcula, que praticamente foi entregue nesta semana. "O que chega aqui está com qualidade inferior e caro, sendo que neste momento os produtores querem receber à vista. Praticamente tudo subiu em média 40%. A caixa de tomate saltou de R$ 120 para R$ 160 (30%), a cenoura de R$ 45 para R$ 60 (33%) e a vagem de R$ 60 para R$ 120 (100%)". Além disso, Carlos comentou que devido à umidade a mercadoria começa a "melar" mais cedo, ou seja, se antes durava uma semana para começar a apodrecer, agora isso acontece em três dias. "O pimentão não chega bonito para a comercialização, por exemplo. A dificuldade com a chuva já dura alguns meses e deve continuar assim nos próximos 20 ou 30 dias", projetou.
Giovani Alves Gusmão, do Box do Melão, relata que também está recebendo 60% da sua capacidade normal diária. Ele citou alguns exemplos de produtos que estão em falta, como repolho, acelga e couve-flor. "A dúzia do repolho saltou de R$ 15 para R$ 40 (166%) e a couve-flor de R$ 25 para R$ 70 (180%). Com isso, nosso cliente acaba gastando menos. Eu acredito que pelo menos serão uns quatro meses para normalizar a situação completamente".

FRUTAS
No caso das frutas, a situação não é crítica porque boa parte vem de outros estados. De qualquer forma, algumas delas também tiveram aumento "por tabela", como os casos do mamão e do limão. Já a uva que chega de Marialva foi substituída por produto de outras regiões. "Estou trazendo uva de São Miguel do Arcanjo (SP). Já o maracujá azedo da região foi todo perdido. Mas o grande problema destes dias é que o fluxo de clientes caiu muito. Um cliente meu de Tamarana, por exemplo, teve que rodar 160km para chegar até aqui", explicou Sérgio Silva, conhecido como Bodinho, do box Frutas Yokozawa.
Edberto Celeste Lazari, proprietário do mercado Cambará, estava na Ceasa fazendo compras para o estabelecimento. "Se não for pedido por encomenda, está difícil levar algo. Não consegui comprar abobrinha e nem vagem, mesmo com a caixa com o tripo do valor normal. O interessante é que mesmo com os preços mais salgados na prateleira, o consumidor tem levado tudo. Pelo menos, o investimento tem dado retorno", finalizou.

Victor Lopes
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA
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