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Dinheiro para escolas teria abastecido campanha no Paraná

O Ministério Público (MP) do Paraná confirmou ontem à FOLHA que encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) investigação da Operação Quadro Negro que aponta que parte do dinheiro desviado pela Valor Construtora e Serviços Ambientais, de Curitiba, que deveria ser usado para a construção de escolas no Paraná, teria supostamente irrigado a campanha eleitoral no Paraná. Em denúncia feita ao MP, a ex-procuradora jurídica da empresa Úrsula Andrea Ramos afirmou que o dinheiro teria sido repassado para a reeleição do governador Beto Richa (PSDB) e de, pelo menos, três deputados estaduais da base aliada. Úrsula também é investigada pela operação que apura fraudes na fiscalização das obras executadas pela construtora e pagamentos ilegais feitos pelo governo que chegariam a R$ 18 milhões.
No depoimento prestado aos investigadores, revelado ontem pela imprensa, Úrsula cita como beneficiários dos recursos, além de Beto, o presidente da Assembleia Legislativa (AL) Ademar Traiano (PSDB), o primeiro-secretário da Casa, Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB), filho do conselheiro do Tribunal de Contas (TC) do Paraná, Durval Amaral.
O MP encaminhou a investigação à PGR "por haver citação de pessoas com foro no STJ (Superior Tribunal de Justiça)". Somente o chefe do Executivo estadual tem essa prerrogativa, enquanto que para os parlamentares, a instância suficiente seria o Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. Agora caberá ao procurador da República, Rodrigo Janot, decidir sobre a continuidade da apuração e o possível desmembramento. Uma fonte ligada às investigações confirmou que "houve alusão que parte dos recursos foi destinada para campanha eleitoral, mas não há até agora confirmação sobre isso". Acompanhada de advogados e de um representante da OAB, ela narrou conversa com o dono da Valor, Eduardo Lopes de Souza, preso na primeira fase da Quadro Negro, em que questiona destino do dinheiro. Na resposta, o advogado teria revelado que repassou os valores "para a campanha do governador Beto Richa e para essas três pessoas (Traiano, Tiago e Plauto)". Úrsula afirmou ainda que Eduardo tem gravações de supostas conversas que confirmariam os repasses para a campanha tucana.

OUTRO LADO
O governador Beto Richa (PSDB) disse, por meio de nota, que está indignado com "essa tentativa leviana de envolver meu nome em crimes praticados por terceiros contra a administração pública". "Não aceito suspeições descabidas, infundadas e sem nenhuma comprovação fática", acrescentou.
Segundo Beto, as irregularidades em obras da Construtora Valor foram descobertas pelo sistema de controle interno do governo e se transformaram em sindicância aberta em maio de 2015, pela Secretaria da Educação, e, em seguida, em inquérito aberto pela Polícia Civil. "Desde o início, o Governo vem tomando todas as medidas necessárias para apurar o caso, punir desvios de conduta e recuperar recursos desviados." A empresa e seus sócios já foram declarados inidôneos para prestar serviços à administração pública e "todos os servidores públicos investigados - seis diretores, engenheiros e fiscais das obras - foram demitidos ou exonerados de seus cargos", finaliza o tucano.
O PSDB do Paraná afirmou que "não recebeu qualquer doação da empresa Valor Construtora para a campanha eleitoral de 2014".
Edson Ferreira
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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