Regime sírio autoriza ONU a levar ajuda humanitária a cidades sitiadas
O governo da Síria concedeu nesta quinta-feira (7) permissão para as Nações Unidas entregarem ajuda humanitária a três localidades que se encontram sitiadas, incluindo a cidade de Madaya, perto de Damasco, informa a agência France Presse.
"A ONU comemorou hoje a autorização do governo da Síria para ter acesso à Madaya, Fua e Kafraya. E se prepara para entregar ajuda humanitária nos próximos dias", afirma o organismo em um comunicado.
Apesar da trégua concluída há mais de três meses, a cidade de Madaya, perto da fronteira com o Líbano, segue sitiada pelo regime sírio, e os habitantes precisam desesperadamente de ajuda.
Madaya, Síria
Cerca de 40 mil pessoas, principalmente civis, estão bloqueadas na cidade. Boa parte delas é deslocada do reduto rebelde de Zabadani, também sitiado pelas forças pró-governo.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ao menos 10 pessoas morreram pela falta de medicamentos e de comida.
Outras treze morreram pela explosão de minas colocadas pelas forças do regime ou baleadas por francoatiradores quando tentavam sair da cidade em busca de comida, afirma a ONG.
Situação terrível
O OSDH afirma que as forças pró-governamentais seguiram colocando minas e cercas ao redor de Madaya após o acordo concluído em setembro.
Com a assinatura em setembro de um acordo para permitir a entrada de ajuda e a evacuação dos civis e feridos nas localidades sitiadas, acreditava-se que as condições iriam melhorar. O pacto incluía Zabadini e dois povoados do noroeste da Síria cercados pelos insurgentes.
O OSDH afirma que as forças pró-governamentais seguiram colocando minas e cercas ao redor de Madaya após o acordo concluído em setembro.
Com a assinatura em setembro de um acordo para permitir a entrada de ajuda e a evacuação dos civis e feridos nas localidades sitiadas, acreditava-se que as condições iriam melhorar. O pacto incluía Zabadini e dois povoados do noroeste da Síria cercados pelos insurgentes.
Mas Madaya só recebeu ajuda uma vez em três meses. E a situação é terrível, contam os habitantes, os ativistas e as agências humanitárias.
'Estão comendo cães e gatos'
Uma ativista cuja família está em Madaya declarou à rede BBC que as pessoas estão comendo animais. "As pessoas estão morrendo. Elas estão comendo coisas do chão. Estão comendo cães e gatos", disse.
Uma ativista cuja família está em Madaya declarou à rede BBC que as pessoas estão comendo animais. "As pessoas estão morrendo. Elas estão comendo coisas do chão. Estão comendo cães e gatos", disse.
Um morador local, Abdel Wahab Ahmed, disse à BBC: "As pessoas começaram a se alimentar de terra, porque não há nada mais para comer. A grama e a folhagem morreram por causa do grande volume de neve".
"Não há nada para comer. Estou dois dias à base de água", disse por telefone à AFP Momina, uma mulher de 32 anos. "Só queremos que nos digam se a ajuda vai chegar ou não, porque aqui não há nada", acrescentou.
"A vida se tornou trágica. Como chegam poucas coisas, os alimentos são muito caros", afirma Mohamad, outro habitante. "Uma caixa de leite pode custar US$ 100, um quilo de arroz, US$ 150", afirma. Por isso "esquecemos o sabor do pão".
Um carro em troca de arroz
"Muitos habitantes comem plantas para sobreviver ou precisam pagar quantias elevadas nos postos governamentais para obter comida", explica Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
"Muitos habitantes comem plantas para sobreviver ou precisam pagar quantias elevadas nos postos governamentais para obter comida", explica Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
"Um morador inclusive colocou à venda seu carro pelo preço de 10 quilos de arroz. Não conseguiu vendê-lo e um familiar seu morreu por falta de comida", afirma.
Segundo o OSDH, cerca de 1,2 mil habitantes sofrem de doenças crônicas e mais de 300 crianças de desnutrição ou outros problemas de saúde.
Sem leite para os bebês
Em Madaya falta tudo, resume Pawel Krzysiek, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que entrou na localidade em outubro. "As pessoas estão há muito tempo sem alimentos básicos, sem medicamentos básicos, sem eletricidade nem água (...) Vi a fome em seus olhos".
Em Madaya falta tudo, resume Pawel Krzysiek, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que entrou na localidade em outubro. "As pessoas estão há muito tempo sem alimentos básicos, sem medicamentos básicos, sem eletricidade nem água (...) Vi a fome em seus olhos".
Quando o comboio de ajuda chegou à cidade, as pessaos suplicavam por leite para bebês, diz Krzysiek. "Diziam que as mães não produzem mais leite (...) Não há maneira de alimentar os recém-nascidos e os bebês".