Total de desalojados ultrapassa 2 mil
Defesa Civil aponta que 50% das pessoas que permanecem fora de casa em virtude dos estragos das chuvas no Paraná estão no município de Rolândia
Mais de 30 pessoas desabrigadas permanecem em abrigo improvisado em escola municipal de Rolândia; buscas por motorista desaparecido continuam
Riscos de desabamento levaram Fernanda Rink sair de casa junto com a filha, irmã, sobrinha e mãe, que está doente, recebendo hemodiálise no abrigo
Rolândia - Cerca de 16 mil paranaenses foram afetados pelas chuvas no início desta semana em 42 municípios do Estado, principalmente nas regiões Norte, Noroeste e Norte Pioneiro. A informação faz parte do último boletim da Coordenação Estadual da Defesa Civil. De acordo com o levantamento, 2.194 pessoas ficaram desalojadas por causa de alagamentos, enxurradas e deslizamentos, sendo que 1.897 permaneciam na mesma situação ontem.
Em Rolândia, na região de Londrina, mil moradores estão desalojados e 36 estão desabrigados. As buscas pelo motorista de ônibus Odair José, de 35 anos, que foi levado por uma enxurrada do Rio Bandeirantes, continuam. Ele é o único desaparecido no Paraná por causa das chuvas. Além disso, o relatório confirma a destruição de 15 residências e outras 50 casas danificadas em Rolândia.
A Escola Municipal Vitorio Franklin abriga as pessoas que deixaram as residências, principalmente no Conjunto Tomie Nagatani, que foi entregue pela Prefeitura de Rolândia há sete meses. Por causa de riscos de desabamento, a moradora Fernanda Aparecida Rink conseguiu sair do local em um ônibus do município, junto com a irmã e duas crianças (filha e sobrinha). "Não deu tempo de levar nada. Os móveis e eletrodomésticos ficaram para atrás. Só deu tempo de pegar umas roupas e documentos", afirmou. A mãe de Fernanda também foi levada ao abrigo e está recebendo assistência para realização de hemodiálise enquanto permanece no abrigo. "Nós não temos parentes na cidade e agora esperamos uma posição da prefeitura depois da vistoria para saber se podemos voltar para a casa", comentou.
Enquanto as residências continuam interditadas, os desabrigados contam com a solidariedade para enfrentar o momento de dificuldade. Grupos de escoteiros e de uma igreja evangélica trabalham no recebimento e separação de roupas, produtos de higiene e alimentos doados, que estão sendo estocados na escola municipal. A assistente social Sandra Regina Martins calcula que 70 voluntários trabalham para o atendimento dos desabrigados e informou que a principal necessidade é de doação de água mineral por causa dos problemas no abastecimento da cidade. "As pessoas que tiveram que deixar as casas se alimentam e dormem em salas da escola e ainda recebem o atendimento de psicólogos do município", acrescentou.
A secretária de Assistência Social, Rosimari Veronez, afirmou que a distribuição de doações e mantimentos será organizada também para socorrer as pessoas desalojadas que estão em casas de amigos ou parentes enquanto aguardam a avaliação das residências danificadas. Ela informou que os números de pessoas afetadas e de locais avariados já foram repassados à Defesa Civil do Estado e que um decreto de emergência pode ser assinado pela prefeitura com base no levantamento.
ABASTECIMENTO
Entre as 12 cidades paranaenses que sofreram problemas no abastecimento, Rolândia é considerada a mais crítica devido a destruição da estação de tratamento, que teve tubulações, equipamentos e bombas levadas pela enxurrada. De acordo com o gerente regional da Sanepar, Sergio Bahls, o abastecimento de Rolândia continua suspenso em razão da impossibilidade de tratamento. A captação alternativa deve ocorrer em três poços da Cocamar, no entanto, a capacidade de atendimento da cidade seria de apenas 8%. Após avaliação, o poço pode fornecer água, principalmente para o setor de saúde pública. "Estamos trabalhando para colocar em funcionamento um novo poço que estava praticamente pronto, mas também sofreu danos por causa da chuva. Em três dias, estaremos praticamente com 20% do total da produção de Rolândia", informou.
JATAIZINHO
A secretária de Assistência Social de Jataizinho, Francine Lemes de Almeida, afirmou que as pessoas atingidas pelos alagamentos no município da região metropolitana de Londrina voltaram ontem para as residências, assim que o tempo melhorou e os níveis dos rios da cidade caíram. "As visitas estão sendo realizadas nos domicílios com distribuições de cestas básicas. Ainda estamos recebendo doações, as principais necessidades são de colchões e roupas", afirmou.
RODOVIAS
A regional da Defesa Civil informou que a PR-445 voltou a ser interditada entre Londrina e Tamarana por causa do risco de queda da ponte do Rio Taquara. Assim, os viajantes com destino a Curitiba devem seguir viagem no sentido Apucarana. Em Rolândia, o contorno da PR-986 foi liberado nos dois sentidos, o que diminuiu o alto fluxo de veículos e congestionamentos no perímetro urbano. Já a PR-444, em Arapongas, permanece interditada por causa de uma cratera na pista.
Rafael Fantin
Reportagem local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem local-FOLHA DE LONDRINA