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Greve geral e protestos paralisam Grécia

Manifestantes foram às ruas protestar contra reforma das aposentadorias; governo adverte que sem cortes, sistema de pensões entrará em colapso

Louisa Gouliamaki/AFP
Mais de 40 mil pessoas protestaram ontem em Atenas contra projeto de lei que prevê redução das pensões; houve confronto entre policiais e manifestantes

Atenas - A Grécia foi paralisada, ontem, por uma greve geral e manifestações em massa contra a reforma do sistema de pensões proposta pelo governo de esquerda de Alex Tsipras sob pressão dos credores internacionais do país.
Segundo a polícia, 40 mil pessoas marcharam em Atenas e cerca de 14 mil em Tessalônica. Na capital, a polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo manifestantes que haviam jogado coquetéis molotov.
Trata-se da terceira greve enfrentada pelo governo de Tsipras, eleito há um ano com a promessa de pôr fim às políticas de austeridade exigidas pela União Europeia (UE), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para manter à tona este arruinado país da zona do euro.
Mas Tsipras se viu obrigado a aceitar, em julho, um novo plano, que inclui a reforma do sistema de aposentadorias, para obter um resgate de 86 bilhões de euros.
Como consequência da greve, trens, balsas e muitos voos internacionais internos estavam paralisados. Os hospitais se limitavam a atender as situações de emergência, os postos de combustível estavam fechados e os táxis, muito abundantes em Atenas, eram invisíveis.

DESCONTENTAMENTO GERAL
A mobilização deu lugar a uma excepcional confluência de setores sociais, desde advogados até agricultores, que nos últimos dias bloquearam estradas com suas caravanas de tratores. Nas manifestações, viam-se lado a lado pedreiros e funcionários de colarinho branco.
"Massacraram nossa geração. Já não podemos nos casar e ter filhos", afirmava Dina, dona de uma loja de roupas em Atenas, que participava de um protesto, denunciando os resgates e ajustes econômicos que ocorrem há cinco anos.
Muitos manifestantes levavam bolas pretas com a inscrição: "Promessas ao vento", em alusão ao programa eleitoral de Tsipras.
Uma coluna sustentava um cartaz com inscrições em chinês, para denunciar a iminente compra da administração do porto de Pireu pela companhia chinesa COSCO, no marco do plano de privatizações.
A reforma do regime de aposentadorias prevê, entre outras coisas, reduzir ao máximo as pensões de 2,7 mil para 2,3 mil euros e criar uma aposentadoria de base garantida de 348 euros mensais.
"É fato que o sistema de pensões precisa de uma reforma, mas esta reforma não será viável", disse à AFP o advogado Thomas Karachristos.
O governo também quer fundir os diferentes fundos de pensões e aumentar as contribuições dos empregadores e dos empregados.
Os críticos do projeto afirmam que essas reformas prejudicarão aqueles que contribuíram toda sua vida e incentivarão os empregos sem contratos.
Mas o governo grego se comprometeu com seus credores a economizar 1,8 bilhão de euros por ano, ou seja, 1% do PIB.
O projeto de lei deve ser votado neste mês no Parlamento, onde a coalizão de Tsipras dispõe de uma pequena maioria de 153 deputados sobre um total de 300.
O governo advertiu que sem uma reforma, o sistema de pensões colapsará a curto prazo.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, o pagamento de pensões representa 17,5% do PIB frente a uma média de 11,5% na Europa.
Tsipras está decidido a fazer a reforma para satisfazer os credores e abrir as esperadas negociações sobre a redução da dívida pública, próxima a 200% do PIB.
A Comissão Europeia prevê que o PIB grego contraia 0,7% este ano depois de ter permanecido paralisado em 2015, e que cresça 2,7% em 2017.
France Presse-FOLHA DE LONDRINA
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