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Tempestade de granizo devasta Santa Mariana

Casas foram destelhadas e tomadas pela lama e gelo no município de 13 mil habitantes

Anderson Coelho
Ruas e casas ficaram tomadas por espessas camadas de gelo

Santa Mariana - O dia 23 de março de 2016 ficará marcado como um dos mais tristes da história da pequena Santa Mariana (Norte Pioneiro). Em menos de 30 minutos, a cidade onde vivem aproximadamente 13 mil pessoas foi devastada por uma tempestade de granizo.
O cenário é devastador. Difícil foi encontrar uma casa que não havia sofrido com o forte vento e o gelo. Árvores inteiras foram arrancadas. Inúmeros postes acabaram no chão. Casas ficaram destelhadas e tomadas pela lama. Pessoas choravam a perda de praticamente tudo que tinham, enquanto outras consolavam parentes e vizinhos. Famílias inteiras estavam ao relento, sem água potável e energia elétrica.


Passava um pouco das 15h30 da tarde quando o aposentado José Patrocínio Ribeiro, de 80 anos, tomou o primeiro susto. "Achei que era só uma tempestade com ventos, mas de repente começou entrar gelo pelo telhado. E isso foi aumentando de um jeito que foi dando um desespero grande, achei que ia cair tudo. Em 80 anos de vida, nunca vi uma coisa igual essa", contou o idoso, enquanto ajudava um vizinho a retirar quilos e mais quilos de gelo de dentro de casa. "Tudo isso estava dentro da minha casa", apontou, ainda incrédulo.
Vizinhos, o trabalhador rural Jurandir da Silva e a técnica da Vigilância Sanitária Aiza de Matos compartilharam do mesmo drama. A tempestade acabou com tudo o que eles suaram anos para conquistar. "Estava trabalhando e tomei um susto quando cheguei em casa. Era só gelo. Quase tive um infarto. O gelo estava na altura do joelho. Perdi tudo", afirmou. "Só tinha visto isso na tevê, jamais imaginei que ia acontecer aqui", continuou. No fundo da casa dele, uma camada de quase um metro de altura de gelo se formou e mal dava para caminhar.
Aiza e o marido William Coutinho moram na casa ao lado de Jurandir há um mês. Os eletrodomésticos e imóveis eram todos novos. Nada sobrou. E a coisa só não foi pior porque não era a hora. "Quando vimos a água estava no pescoço. Tentamos abrir a porta e não conseguimos, tivemos que sair pela janela da sala. A geladeira veio parar na sala", relatou a técnica. "Ficamos só com a roupa do corpo", disse, com os olhos lacrimejando.
O medo aumentava à medida que a noite caía. O temor era de que a chuva voltasse e o estrago fosse ainda maior. "Nem sei o que vou fazer. A gente espera alguma ajuda, porque não tenho condições. Só eu estou empregado", clamou o ajudante de pedreiro Darci da Costa. A casa onde ele mora com a mulher e os filhos ficou destruída. O vento e o gelo acabaram com o telhado. Só sobrou o carro na garagem. "É onde eu vou dormir", indicou. Sorriso só foi possível ver nas crianças, que se divertiam com o gelo, enquanto os pais calculavam o prejuízo.
O cenário de destruição também era assustador na BR-369, no trecho entre Uraí e Cornélio Procópio. Árvores grandes foram arrancadas e jogadas para o meio da pista, assim como as placas de sinalização. Nem a lombada eletrônica instalada na estrada resistiu aos fortes ventos. A Copel informou que pelo menos 13 postes caíram na beira da rodovia. Em Santa Mariana, foram três postes caídos. A previsão é de que o abastecimento de energia elétrica comece a ser normalizado hoje.
Rafael Souza
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA
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