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Casa Familiar Rural renasce das cinzas no município de Sapopema

Recursos federal, municipal e doações de empresas e da comunidade permitiram a reconstrução do prédio da escola agrícola de Sapopema

Fotos: Divulgação
Com a reconstrução do prédio destruído pelo incêndio (no detalhe), a área da escola aumentou, dos 850 metros quadrados para 1,3 mil metros quadrados divididos entre alojamentos e área pedagógica
 
Fundador da Casa, padre Haruo Sasaki foi também o principal responsável por obter recursos para a reconstrução

Fundada em 1995, a Casa Familiar Rural Padre Sasaki, em Sapopema, acaba de ser reinaugurada após ser totalmente destruída por um incêndio, em 24 de janeiro de 2013. Para os 85 alunos matriculados na instituição, a reconstrução do prédio consumido pelo fogo significa muito mais que a junção de tijolos e cimento que deu origem a uma nova estrutura física. Para eles, é a oportunidade de realizar um projeto de vida que inclui a continuidade do trabalho no campo iniciada por seus avós e pais e a permanência no meio rural.
A instituição oferece curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio e utiliza a Pedagogia da Alternância, método que intercala um período na escola com outro no campo, e atende alunos de 13 municípios da região e também de Santa Catarina. Na semana em que ficam na escola, os alunos convivem em regime de internato e têm aulas teóricas na área de zootecnia e agronomia e de disciplinas que compõem a Base Nacional Comum Curricular, além do trabalho de campo na propriedade rural de 2,76 alqueires mantida pela Casa Familiar Rural. Quando não estão na escola, os alunos ficam na propriedade onde vivem para contribuir na gestão e nas atividades rurais.
"O curso técnico, para os pequenos produtores rurais, é bem viável porque tem muita disponibilidade de emprego. Tem a teoria e a prática. Meu pai tem um sítio e eu pretendo me especializar na área e aplicar os meus conhecimentos na propriedade do meu pai. Já estou fazendo isso e até esclareço as dúvidas de alguns vizinhos", contou o aluno do segundo ano, João Arilo Silva de Ramos, de 16 anos.
João Arilo vive no assentamento Paulo Freire, em São Jerônimo da Serra, desde que nasceu. Ele planeja cursar a faculdade de Agronomia depois de concluir o ensino médio. O projeto é aumentar a produtividade do sítio da família e, consequentemente, os rendimentos. "Pretendo me especializar e usar o meu aprendizado para aumentar a produtividade dos animais." Além do cultivo de milho, feijão e mandioca, a propriedade também produz leite e cria porcos. "A gente tira leite para fazer queijo e vai começar a vender o nosso leite para a Cativa", disse o estudante.
Carlos Rene Borges, de 35 anos, encontrou na Casa Familiar Rural "um leque de oportunidades" para recomeçar a vida. Após um período de conflitos pessoais, ele foi morar em Sapopema, no sítio que era do avô e hoje é administrado pelos pais. Quando começou a lidar com a terra, encontrou muitas dificuldades. "Caí de paraquedas aqui. Cometia muitos erros. Percebi que exigia demais do solo sem dar um retorno. Não adubava corretamente, não dava o tempo de descanso necessário ao solo e tudo isso afetava a produtividade."
Parte do sítio é arrendada para pasto e outra parte é destinada à produção de hortaliças e cítricos, que são vendidos in natura ou como polpa para sucos. O processo é artesanal, feito na propriedade. "Futuramente quero fazer uma estufa de morangos utilizando as técnicas que aprendi na escola, que prega o conceito da agroecologia. Também estou começando a cultivar o bambu", conta Carlos.

RECONSTRUÇÃO
Depois do incêndio, a escola funcionou por mais de três anos, de forma improvisada, no salão paroquial da Paróquia Sant’Ana. Nesse período, algumas atividades da escola ficaram comprometidas. No local não havia estrutura adequada para alojamento. Eram apenas um quarto para as alunas e outro para os alunos. As aulas práticas, no campo, também tiveram de passar por adequações. Sem dinheiro para manter o sítio onde os estudantes desempenhavam as atividades, os animais foram vendidos e os professores levavam os alunos para propriedades rurais da região. "Agora, a propriedade rural da escola foi reativada", disse a diretora, Patrícia de Souza.
Com a reconstrução do prédio, a área da escola aumentou. Dos 850 metros quadrados de área total, agora são cerca de 1,3 mil metros quadrados, sendo 251 metros quadrados de alojamento e 1.040 metros quadrados de área pedagógica. A obra levou dois anos para ser concluída e nela foram investidos cerca de R$ 1,6 milhão, sendo R$ 295 mil provenientes da Prefeitura de Sapopema e Ministério do Desenvolvimento Agrário e o restante de doações de empresas e comunidade. A Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária do Norte Pioneiro (Coanop) foi uma das doadoras.
Os R$ 295 mil dos governos federal e municipal foram utilizados na construção de seis dormitórios masculinos com capacidade para 36 meninos e dois dormitórios femininos com capacidade para 12 meninas, além de dois dormitórios para monitores, todos com banheiro interno. O recurso também foi empregado na compra de mobiliário e equipamentos.
Os outros R$ 1,3 milhão, arrecadados com as doações, foram investidos na construção de salas de aula, laboratórios, biblioteca, sala de professores, sala de visita, secretaria, sala de direção, auditório, refeitório, cozinha, dispensa e banheiros.
Simoni Saris
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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