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(30-04-2016)Servidores fazem ato para relembrar massacre

Manifestação reuniu cerca de 30 mil, segundo os organizadores; PM diz que foram 5 mil

Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão
Professores de Curitiba e de caravanas do interior tomaram as ruas da capital

Curitiba - Servidores públicos, estudantes e membros de movimentos sociais e sindicais realizaram ontem, em Curitiba, um ato para lembrar o primeiro ano do que chamam de "Massacre do Centro Cívico". Eles se concentraram por volta das 9 horas em dois locais: os professores na Praça Santos Andrade e os representantes das demais categorias na Rui Barbosa, ambas no centro. Depois, se encontraram na Praça Tiradentes, de onde partiram, já perto do meio-dia, em caminhada até os arredores da Assembleia Legislativa (AL) e do Palácio Iguaçu, na Praça Nossa Senhora de Salete. De acordo com a Polícia Militar (PM), 5 mil pessoas participaram da mobilização. Os organizadores estimaram 30 mil.
Segundo a secretária de finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (APP-Sindicato), Marlei Fernandes, 100 ônibus do interior, sendo seis deles de Londrina, foram para Curitiba. Houve ainda diversas caravanas, uma vez que os docentes decidiram paralisar as atividades em colégios da rede estadual e universidades. Conforme balanço dos Núcleos Regionais de Educação, 55% das escolas abriram. A APP pretende repetir a ação, com greve de 24 horas, todos os anos. "Logo após o ocorrido naquele dia 29, a gente entendeu que seria uma data de memória e de luta, que não poderemos esquecer", afirmou Marlei. No meio da tarde, houve show com a banda Detonautas, do vocalista Tico Santa Cruz.
Segundo o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), o presidente da AL, Ademar Traiano (PSDB), suspendeu o expediente no parlamento ontem, com receio de novo confronto. "Temos dito que se passou um ano do massacre, um ano da intransigência, um ano da incoerência que tomou conta de Curitiba no dia 29 de abril", discursou. Policiais também guardavam a frente da sede do Poder Executivo, por onde circularam poucos funcionários.
O professor de matemática Ademar Flávio Alexandre, de 52 anos, de Rio Negro (Região Metropolitana de Curitiba), participou do protesto, carregando uma faixa com os seguintes dizeres: "Governador, no dia 29 de abril fomos tratados como arruaceiros, baderneiros e criminosos; no entanto, somos todos professores e funcionários". "Aquele foi um momento histórico. Eu estava no meio das bombas. De lá para cá, ele (Beto) não cumpriu quase nada do que foi prometido. As salas continuam superlotadas e a estrutura física (das escolas) é a de sempre", criticou. "Somos como bambu. Podemos envergar, mas não quebramos. Seguimos de cabeça erguida", completou o presidente da APP, Hermes Leão. Cartazes contra o impeachment e em defesa da democracia foram mostrados durante o ato.
No dia 29 de abril do ano passado, a PM reprimiu uma manifestação de mais de 30 mil trabalhadores, a maioria professores, contrários à reforma na Paranaprevidência. Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas. Desde então, entidades sociais e sindicais, reunidas no "Fórum de Lutas 29 de Abril", realizam mobilizações mensais, como forma de manter viva a memória do episódio. Elas também participam de uma mesa permanente de negociações com o Executivo, reivindicando medidas como pagamento de progressões e promoções, melhoria na infraestrutura das escolas e realização de concurso público.
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA

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