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Soja o Motor da agricultura


Líder em exportações, soja é responsável pelo desenvolvimento da pesquisa e da tecnologia no campo, principalmente pelos esforços da Embrapa Soja, em Londrina

Rei Santos
Foi a partir dos melhoramentos com a soja que outras culturas se desenvolveram no País

Graças a um grão, o Brasil entrou nos anos 1970 como importador de alimentos e é hoje o segundo maior exportador agrícola do mundo. A soja é considerada o motor do desenvolvimento do agronegócio nacional por ser a primeira a implementar e usar de forma ampla a mecanização, a tecnologia e o uso de fertilizantes na zona rural. Foi a partir dessa semente própria para regiões mais frias que o "País Tropical" a moldou como sua, semeou tecnologia em outras lavouras e passou a colher resultados econômicos cada vez melhores. Processo construído, em grande parte, por uma instituição pública instalada em Londrina.
A Embrapa Soja, braço da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) criado em 1975, completou 41 anos no último dia 16 de abril. Para comemorar a data e contar um pouco da história da cultura, a entidade lançou o livro "A Embrapa Soja no Contexto do Desenvolvimento da Soja no Brasil – Histórico e Contribuições", do pesquisador Amélio Dall'Agnol. "Foi a primeira cultura que realmente usou a mecanização, que implementou o uso de fertilizantes no Brasil, então acho que ensinou muito (às outras)", diz Dall'Agnol.
Resultado que aparece na balança comercial nacional. A soja assumiu a liderança entre os produtos brasileiros exportados neste ano, com US$ 3,787 bilhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) do primeiro trimestre. O valor é quase o dobro do até então líder, o minério de ferro, que fechou com US$ 2,118 bilhões.

De Londrina ao Brasil
A própria escolha de Londrina como sede ocorreu porque a região é de transição entre as zonas temperada e tropical, o que permitiu o desenvolvimento genético e tecnológico para o Sul, mais frio, e para o Norte, mais quente. A iniciativa corrigiu um erro histórico ainda em 1830, quando o então Brasil Império inseriu a soja na Bahia, diretamente dos Estados Unidos, sem sucesso.
A partir de 1940, produtores começaram a plantar o grão no Rio Grande do Sul, mas foi somente nos anos 1970 que a área e a produtividade começaram a ficar significativas, com ajuda das pesquisas e da tecnologia. De 4,9 milhões de hectares (ha), a área plantada aumentou para 31,4 milhões de ha no ano passado, ou 540% a mais. Já a produtividade foi de 1,4 toneladas para 3 toneladas por ha, no mesmo comparativo, ou 114%, conforme a Embrapa. "Com a instalação da Embrapa Soja, juntamos uma equipe e vieram desenvolvimentos não só de genética e melhoramento, que trocou as variedades americanas por brasileiras. Tivemos muita responsabilidade no desenvolvimento da soja tropical", conta o pesquisador.
Apesar de o País contar com pesquisas anteriores sobre trigo, por exemplo, foi a partir dos melhoramentos com a soja que outras culturas se desenvolveram. "A soja se desenvolve bem nos anos 1970 e 1980, mas o arroz, o milho e o feijão vão crescer mesmo em produtividade a partir dos anos 1990. A produção agrícola brasileira tem duas fases, antes e depois da soja", diz Dall'Agnol.
Nos últimos 25 anos, a produtividade de soja cresceu "apenas" 65%, o que ocorreu porque o avanço foi diluído nas décadas anteriores. Outras colheitas tiveram resultados pequenos até os anos 1990, quando passaram a ter grandes avanços. Por exemplo, a produtividade do milho aumentou 171%, a do arroz, 173% e a do feijão, 133%, conta o pesquisador.
Fábio Galiotto
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA

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