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Campanha contra a omissão de socorro




Em quatro meses, Detran notificou 65 condutores por não prestarem socorro a vítimas de acidentes

Saulo Ohara
Lavrador de 60 anos morreu atropelado na PR-445; motorista fugiu, segundo a polícia

Cambé - Um homem de 60 anos foi atropelado na noite de quinta-feira, na PR-445, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina) e o motorista do veículo fugiu do local, segundo informações da polícia. A atitude do condutor é considerada uma infração gravíssima e resulta em suspensão do direito de dirigir. É também crime previsto no Código Penal.
De acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), entre janeiro e abril deste ano, o órgão registrou 65 notificações por omissão de socorro às vítimas de acidentes no Estado. As consequências da falta de socorro foram mostradas em um vídeo inspirado em uma história real. A ação é parte da campanha "31 dias para mudar o trânsito", do movimento Maio Amarelo, de ações de conscientização de segurança no trânsito.
O vídeo traz o depoimento de uma mulher sobre o atropelamento e morte do irmão. Mas poderia ser a história do tratorista Edivaldo Roberto Paes, de 34 anos, que perdeu o pai, o lavrador João Batista Paes, de 60 anos, atropelado na quinta-feira, na PR-445, em Cambé.
Edivaldo não sabe o que o realmente aconteceu com o pai, que voltava para casa de bicicleta, no começo da noite, e foi atingido por um veículo que não parou para ajudar. "Eu estava na missa quando meu padrão ligou contando do acidente", disse.
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, após ser atropelado, o corpo do lavrador foi atingido por outros veículos. A Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar o acidente. A suspeita é que o ciclista tenha sido atropelado por uma caminhonete.
O lavrador morava sozinho em um sítio próximo do Distrito da Warta, na zona norte de Londrina, e tinha a bicicleta como principal meio de transporte. "Ele andava de bicicleta por tudo. Ia para Arapongas, Rolândia", contou o filho.
João Batista já havia sofrido um atropelamento há uns quatro ou cinco anos. Na época quebrou um dos braços. "Nem quando teve o acidente ele abandonou a bicicleta", disse Edivaldo.
Para o filho fica o sentimento de tristeza. "É triste saber que a pessoa passou por cima do meu pai e não parou. Passou por cima como se fosse um objeto qualquer. A gente nem sabe o que pensar direito. Será que ele não parou por que ficou com medo?"
João Batista foi sepultado ontem em Rolândia (RML). Deixou um filho e cinco netos.

CRIME
A multa por omissão de socorro é de R$ 957,70 e soma de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). É crime, previsto no Código Penal, com tempo de detenção determinado pela capacidade de assistência e da gravidade da lesão.
Se o motorista deixa de prestar socorro, quando é possível fazê-lo sem risco pessoal, ele pode ser detido por um a seis meses. A pena pode aumentar em 50%, se a omissão resultar em lesão corporal de natureza grave, ou triplicar em caso de morte da vítima. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária mostram que nos primeiros quatro meses do ano foram registradas 108 ocorrências por omissão de socorro. Em 2015, foram 345 casos.
"Ninguém espera cometer ou sofrer um acidente de trânsito, mas quando acontece é necessário que o condutor saiba o que fazer para aumentar as chances de sobrevivência da vítima", afirmou o diretor-geral do Detran, Marcos Traad.
Quando ocorre um acidente, o condutor deve prestar socorro à vítima, acionando imediatamente o serviço de emergência pelo telefone 193 (Siate) ou 192 (Samu). É importante também sinalizar o local do acidente com o triângulo a fim de evitar outras colisões.
Sempre que houver vítimas, a Polícia Militar deve ser chamada para realizar o boletim de ocorrência. Caso a colisão tenha somente danos materiais, a recomendação é realizar o registro no site www.bateu.pr.gov.br ou de forma presencial em uma sede da PM.
Aline Machado Parodi
Reportagem Local
 
FOLHA DE LONDRINA

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