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El Niño perde força e temperatura começa a cair

Neste mês de maio, frentes frias vão avançar com facilidade pelo País

Gustavo Carneiro
O La Niña é o resfriamento irregular das águas do Pacífico, o que contribui com o deslocamento de massas de ar mais frias pela América do Sul

Curitiba - Ao contrário do que aconteceu em abril, quando um forte bloqueio atmosférico influenciou as temperaturas para o alto, neste mês de maio, segundo o Climatempo, as frentes frias vão avançar com facilidade pelo Brasil. Para esta semana, a previsão é que uma nova frente fria se desloque do Sul até o Nordeste e de chuvas volumosas para Santa Catarina, Paraná, Centro-sul do Mato Grosso do Sul e Oeste de São Paulo. Para o próximo fim de semana espera-se geadas em áreas isoladas do Rio Grande do Sul e para a região serrana de Santa Catarina.
Muita gente já percebeu que o outono de 2016 está um pouco diferente do outono do ano passado. É que o El Niño está perdendo força e o planeta já se prepara para o outro fenômeno natural, o La Niña. O El Niño decorre de um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e são famosas as consequências desse fenômeno que costuma bagunçar o clima em várias partes do mundo. No caso do Brasil, ele provoca períodos de muitas chuvas no Sul e seca no Nordeste. Além de levar os termômetros lá para cima – tanto que 2015 foi o ano mais quente desde 1880, quando se começou a registrar as temperaturas.
O La Niña, ao contrário, é o resfriamento irregular dessas águas, que contribui com o deslocamento de massas de ar mais frias pela América do Sul. Ele também modifica o clima em todo o mundo. O gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo O Boticário, André Ferretti, explicou que a cada três a cinco anos acontece o El Niño, fenômeno que se intercala com o La Niña. "O sistema climático global vai tentando se reequilibrar. Se a gente tem um ano muito quente, a tendência é compensar isso. Um ano mais quente, um ano mais frio, geralmente é isso que acontece", disse.
O meteorologista da Climatempo Alexandre Nascimento comentou que o El Niño está enfraquecendo gradativamente. "Ele está perdendo a força e vai terminar ao longo do outono, provavelmente no último mês da estação", disse. E este El Niño foi o mais forte dos últimos 19 anos. Nascimento lembrou que a força desse fenômeno depende da sua magnitude. "Ele é monitorado desde 1950, o mais forte foi o de 97/98 e chegou à magnitude de 2,6 graus de temperatura acima da normalidade", constatou. Segundo o meteorologista, acima de 2 graus já é considerado forte. Em 2015/2016 o El Niño excedeu 2,3 graus em alguns períodos. Lembrando que esse fenômeno também não contribui para as finanças dos brasileiros. Isso porque ele provoca perdas na agricultura, elevando o preço dos produtos. As enchentes também causaram estragos na infraestrutura das cidades e destruição de casas.

LA NIÑA
Se 2015 foi o ano do El Niño, 2017 será o da La Niña, que começará a atuar mesmo a partir do próximo novembro. "O fenômeno vai se desenvolver ao longo do segundo semestre, mas só atuará realmente no último trimestre", analisou Nascimento. Ao contrário do que muitos acreditam, o inverno não vai se antecipar. "O frio não vai chegar mais cedo como andam dizendo por aí, mas sim na hora certa, o que não aconteceu nos últimos dois anos", esclareceu o meteorologista. Ferretti ressaltou que o Brasil terá um inverno um pouco mais frio do que em 2015. "A gente não consegue precisar quanto mais frio ele deve ser. Mas no ano passado, o inverno foi relativamente fraco", complementou.
Com a ausência do El Niño e o início da La Niña, a primavera e o verão 2016/17 terão chuvas mais distribuídas pelo País. Ou seja, tanto o Norte quanto o Nordeste terão precipitações mais constantes, o que não ocorreu em 2015 e no começo deste ano. No Sul, a chuva deve diminuir bastante em relação ao ano anterior e a região não terá meses consecutivos de precipitações. "Na próxima primavera/verão a chuva ficará mais perto da normalidade. Isso permitirá à agricultura trabalhar um pouco melhor", observou Nascimento. Mas se o La Niña se prolongar para 2018, o Sul do Brasil pode sofrer com períodos de seca.
Adriana De Cunto
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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