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(11-06-2016)Desemprego entre jovens é quatro vezes maior que a média

No Paraná, taxa é de 8,1% na população total e de 34,1% na faixa etária de 14 a 17 anos, segundo a Pnad


O desemprego é a face da crise que mais assusta os brasileiros, principalmente os mais jovens. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra uma taxa de desocupação de 10,9% no Brasil, no primeiro trimestre deste ano. Mas, especificamente, na faixa etária de 14 a 17 anos, ela sobe para 37,9%. Entre 18 e 24 anos, a taxa é de 24,1% (ver quadro).
No Paraná, o desemprego é menor, mas, segundo a mesma pesquisa, as diferenças por idade também são enormes. A taxa de desocupação na faixa etária de 14 a 17 anos (34,1%) é mais de quatro vezes maior que a geral (8,1%). Entre 18 e 24 anos, passa do dobro (17,8%).
O jovem Leonardo Rodrigues de Souza, 18 anos, terminou seu estágio de dois anos no Iapar há 10 dias, e já conhece a dura realidade do mercado de trabalho. Fez ficha na Agência do Trabalhador (Sine) e deixou currículos em três empresas. "Todo mundo fala que não tem vaga disponível. Acho que não vai ser fácil", diz ele, que cursa o ensino médio.
A estudante de jornalismo Larissa Andrade Melo, 20 anos, também está sentindo dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho. Ela deixou o emprego no shopping há quatro meses, e está em busca de uma vaga no comércio ou estágio em jornalismo. "Já entreguei currículos, mas nada. As empresas estão demitindo, não estão contratando", alega.
Coordenador do Grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Castro Souza Júnior afirma que, durante as crises, os jovens é que sentem mais o desemprego. "Eles têm menos experiência e acabam ficando mais expostos", declara. Ele diz que o risco, caso a crise persista, é de o País ter uma geração "nem tão jovem" e sem experiência de trabalho.
O pesquisador ressalta que, há alguns anos, o jovem brasileiro deixava de trabalhar para estudar e agora está ocorrendo o contrário. "Com o incentivo do Fies (programa do governo federal que financia o ensino superior em universidades privadas), muitos jovens passaram a dedicar-se aos estudos. E hoje estão buscando voltar ao mercado de trabalho", explica.
O secretário municipal do Trabalho, Márcio Correia, acredita que os números da Pnad não refletem a realidade de Londrina. Ele buscou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. "Neste trimestre, tivemos saldo positivo de vagas justamente na faixa etária de 18 a 24", afirma. O saldo positivo é quando são feitas mais contratações que demissões. "Londrina tem uma característica própria. É uma cidade com muitos universitários e um setor forte de call center. Isso faz com que estejamos numa situação diferente", acredita.
Mas, segundo o economista e consultor Cid Guerreiro, de Curitiba, a comparação não pode ser feita. "O Caged só conta contratações e demissões no mercado formal. Não serve para medir desemprego", declara. Ele diz que a desocupação entre os jovens é sempre maior, mesmo em épocas de aquecimento econômico. "O jovem tem a desvantagem da falta de experiência. Quando o mercado de trabalho está mais seletivo, a situação dele fica ainda mais difícil."

Nelson Bortolin
Reportagem Local/FOLHA DE LONDRINA

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