Candidatos se preparam para campanhas menos 'vistosas'
AusĂȘncia de empresas entre doadores pode favorecer o surgimento dos "laranjas", cooptados para engordar o caixa de candidatos
Sem doaçÔes de pessoas jurĂdicas, conforme determina a nova lei eleitoral (lei 13.165/2015), os candidatos jĂĄ se preparam para campanhas polĂticas discretas e "menos vistosas", em comparação com as disputas anteriores. E mesmo para aqueles com expectativa de boa arrecadação, a regra tambĂ©m impĂ”e limite de atĂ© 70% do maior valor gasto declarado nas eleiçÔes de 2012. Com as mudanças, especialistas em direito eleitoral jĂĄ apontam para o risco de surgimento dos doadores sem lastro financeiro, ou seja, cooptados para emprestar o nome para financiadores que nĂŁo querem aparecer, fazendo apenas o repasse do dinheiro, caracterizando-se popularmente como "laranjas".
Para o advogado Frederico Reis, "os candidatos vão ter que se reinventar". Ele afirmou que a minirreforma eleitoral reduziu o tempo de campanha de 60 para 45 dias, além de acabar com a aparição na TV dos candidatos na disputa proporcional. "Para vereador, por exemplo, não terão mais programas em televisão, terão apenas inserçÔes de 10 minutos por dia para todos, ou seja, é muito råpido. Vão ter que ir, novamente, ao encontro do eleitor, de porta em porta", comentou Reis. As convençÔes partidårias para confirmação dos candidatos poderão ser realizadas até o dia 5 de agosto, menos de dois meses antes da votação, dia 2 de outubro.
O advogado lembrou que a recente eleição suplementar para prefeito na cidade de RolĂąndia (RegiĂŁo Metropolitana de Londrina), realizada no mĂȘs de dezembro, com a vitĂłria do mĂ©dico Luiz Francisconi (PSDB), foi uma prĂ©via das prĂłximas eleiçÔes municipais. "Foi muito mais barata e atĂ© estranha, uma campanha menos vistosa, porque vocĂȘ chega no perĂodo eleitoral e nĂŁo vĂȘ faixas, cartazes, Ă© difĂcil para o eleitor identificar o perĂodo eleitoral e principalmente os candidatos", afirmou o Reis, que trabalhou na campanha.
De acordo com o especialista em direito eleitoral MoisĂ©s Pessuti, "as campanhas nĂŁo vĂŁo se sustentar unicamente com dinheiro de pessoa fĂsica, no futuro". O advogado prevĂȘ vantagens para polĂticos que jĂĄ tĂȘm mandato. "A diminuição do tempo de campanha, a escassez de recursos, a limitação das modalidades de propaganda, restritas a adesivos e volantes de papel, como santinhos, e a criminalização da polĂtica atualmente com certeza vai favorecer quem detĂ©m mandato, com exceção daqueles cujos partidos estejam diretamente envolvidos com as denĂșncias de corrupção."
O aumento nas restriçÔes pode, ainda, favorecer o aumento de irregularidades na campanha, conforme analisou Pessuti. "Neste momento, tĂnhamos que estar estruturando uma rede de pessoas fĂsicas e olhando a declaração de imposto de renda delas para ver se reĂșnem condiçÔes fiscais de doar, ou vai acontecer nesta eleição um grande laranjal, com pessoas fĂsicas se passando por doadoras. HaverĂĄ aquelas que nĂŁo querem aparecer e que vĂŁo cooptar outras para assinarem as doaçÔes Ă s campanhas polĂticas."
Na prĂłxima sexta-feira, o MinistĂ©rio PĂșblico (MP) do ParanĂĄ promove audiĂȘncia pĂșblica em Londrina sobre as eleiçÔes municipais. A agenda faz parte de uma sĂ©rie de encontros do ĂłrgĂŁo em diversas regiĂ”es do Estado, com o objetivo de discutir as etapas mais importantes da disputa e esclarecer dĂșvidas da população, de candidatos e da imprensa.
Edson Ferreira
Reportagem Local
Reportagem Local
FOLHA DE LONDRINA
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